Como esgoto de SP pode ajudar a criar vacinas da gripe melhores

Um novo grupo de pesquisa vai monitorar o surgimento e o avanço de novas cepas do vírus influenza, causador da gripe, a partir de amostras de esgoto de São Paulo.

A estratégia já foi aplicada durante a pandemia de Covid-19. O objetivo é estar atualizado com as cepas em circulação para desenvolver vacinas mais eficazes.

Grupo de pesquisa analisará esgoto em busca de novas cepas de gripe

O grupo de pesquisa foi criado pelo Instituto Pasteur de São Paulo (IPSP), vinculado à Universidade de São Paulo (USP).

O grupo coletará periodicamente amostras de esgoto da capital paulista, o que ajudará a identificar quais cepas do vírus influenza estão em circulação e quais apresentam riscos à saúde humana e animal. A análise também permitirá entender o início e o pico de transmissão de cada cepa e como ela circula na cidade.

As informações serão repassadas às autoridades de saúde para ajudar no desenvolvimento de uma vacina contra a gripe atualizada e mais eficaz.

As atuais vacinas contra a gripe protegem contra três cepas

Atualmente, as vacinas contra gripe distribuídas pelo Ministério da Saúde protegem contra três cepas, as mais comuns nos hemisférios Norte e Sul.

Mas há um problema: as cepas presentes na vacina não são necessariamente as mesmas que estão em circulação. Isso ocorre porque o vírus da gripe sofre mutações rapidamente e alguns deles escapam da proteção da vacina.

O estudo permite identificar rapidamente essas alterações por meio da coleta e análise de águas residuárias do saneamento básico.

Esta não é a primeira vez que esta técnica é usada para se manter atualizado contra vírus. Segundo Rúbens Alves, virologista e imunologista biomédico, quando UOLa vigilância revelou-se eficaz durante a pandemia de Covid-19, com a adesão de mais de 100 países.

Consulte Mais informação:

O vírus da gripe é uma das causas de pandemias

• Atualmente, quem monitora a evolução do vírus influenza e seu potencial pandêmico é a Rede Global de Vigilância da Gripe da Organização Mundial da Saúde (OMS). A cada seis a oito meses, a organização publica quais cepas devem ser utilizadas na produção de vacinas;
• No entanto, esta análise depende da testagem de pessoas com suspeita de gripe, e não abrange pessoas que não vão ao hospital por motivos diversos. A coleta de amostras de esgoto permite uma análise mais representativa da população;
• Vale lembrar que o vírus influenza é a causa da maioria das pandemias globais. Segundo a OMS, ocorrem cerca de um bilhão de casos de gripe por ano no mundo, com entre 290 mil e 650 mil mortes;
• O projeto IPSP deverá durar entre quatro e cinco anos.