Criaturas pequenas, pré-históricas e resilientes: estas poderão ser as grandes vencedoras das alterações climáticas – e não estamos a falar de baratas. Os organismos em questão são procariontes, que representam cerca de 30% da vida nos oceanos do mundo.
Essas criaturinhas costumam passar despercebidas porque, bem, são microscópicas, mas realizam um trabalho fundamental para o equilíbrio do oceano. Agora, uma pesquisa publicada em Natureza no dia 13, explica que estes organismos são bastante resistentes às alterações climáticas.
Considerando que os animais (incluindo os humanos) são muito vulneráveis a estas mudanças, os procariontes são fortes (literalmente) candidatos a dominar o mundo no futuro.
Na verdade, eles já estão dominando. O estudo mostra que a presença de procariontes no ambiente marinho já está aumentando, o que pode levar à diminuição do número de peixes e também da fotossíntese (dos verdadeiros pulmões do mundo).
Essas criaturas são extremamente resistentes (e temos provas disso)
Mencionamos as baratas no início do artigo, mas apesar de serem animais muito antigos, elas perdem para os procariontes. Na verdade, poucas coisas são mais antigas na Terra do que estas pequenas criaturas. Estes organismos são provavelmente as formas de vida celular mais antigas do mundo, o que mostra o quão resilientes são, uma vez que, apesar da Terra ter mudado muito nos últimos mil milhões de anos, os procariontes ainda estão aqui.
Uma grande vantagem deles é que crescem e se multiplicam com extrema rapidez no oceano. O problema para nós é que esse processo gera muito carbono, na verdade, até mais do que os humanos geram. Os procariontes são pequenos, mas poderosos.
O risco só não é maior por causa do fitoplâncton, outras minúsculas criaturas oceânicas com uma incrível capacidade de multiplicação e que, para nossa sorte, realizam a fotossíntese, absorvendo esse carbono (e também parte do nosso).
Então qual é o problema? Bem, o problema é que os procariontes são muito mais resistentes às alterações climáticas do que o fitoplâncton. Em outras palavras: eles estão ganhando.
A pesquisa estima que para cada grau de aquecimento dos oceanos, a biomassa de procariontes presentes na água diminuirá cerca de 1,5%. Isso é muito, mas é muito menos do que o projetado para outras criaturas marinhas (incluindo o fitoplâncton). Para o resto do oceano, a diminuição esperada da biomassa está entre 3 e 5%.
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Por outras palavras, com as alterações climáticas e o aquecimento dos oceanos, a vida no mar diminuirá, mas a percentagem de procariontes aumentará e o fitoplâncton já não deverá ser capaz de lidar com tanta quantidade de carbono.
Na verdade, como se isso não bastasse, a investigação revelou que quanto mais quente o oceano fica, mais carbono estas criaturas produzem.
Como será o futuro dos oceanos?
As estimativas atuais indicam que, se nada for feito para mudar, os oceanos deverão aquecer entre 1°C e 3°C até ao final do século. Se isso provocar um aumento no volume de procariontes, os oceanos poderão não conseguir absorver tanto carbono, tornando todo o cenário ainda mais complicado.
Além disso, num mundo cada vez mais devastado pelas alterações climáticas, a diminuição da disponibilidade de peixe poderá ser crítica para a sobrevivência de muitas civilizações.
Os autores reforçam, no entanto, que as observações foram feitas com base no cenário atual e que todo o ecossistema marinho está a mudar com as alterações climáticas, de formas que não podemos prever. Ou seja, precisamos ficar atentos para entender o que realmente vai acontecer.
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