Nova IA quer prever – e evitar – desastres futuros

Você sabia que existe uma ciência que tenta prever o futuro? Não, os pesquisadores não leem as linhas da palma da mão de ninguém, como um médium. Nem olhe para a borra de café. Em vez disso, trabalham com estatísticas e probabilidades, além de analisar histórico, cenários e contextos.

Ok, tem muita gente que não leva essa área a sério, mesmo depois de décadas de estudos. E as críticas até fazem certo sentido, já que alguns dos modelos utilizados são demasiado simples – e sabemos que a vida e o mundo não são nada simples.

leia mais

Partindo desse princípio, cientistas da Universidade de Tongji, na China, decidiram usar Inteligência Artificial para refinar os resultados. Eles treinaram uma máquina para identificar os chamados “pontos de inflexão” que poderiam levar a colapsos ecológicos, crises financeiras ou mesmo pandemias.

Um ponto de inflexão é o momento em que ocorre uma mudança sem retorno e causa danos irreparáveis. É um conceito originário da Matemática, mas que vem sendo adotado em outras áreas.

Como a IA pode ajudar esta ciência complexa

• Como os pontos de inflexão são difíceis de prever, saber onde procurá-los é igualmente difícil.
• Para treinar o seu modelo de IA, os investigadores usaram exemplos de eventos que já ocorreram.
• Um exemplo é a transformação das florestas tropicais em savanas na África.
• A IA recebeu mais de 20 anos de dados de satélite de três regiões da África Central que fizeram esta transição repentina.
• Os cientistas então alimentaram o algoritmo com informações sobre chuvas e cobertura de árvores em duas das três regiões.
• A partir desses dados, a IA conseguiu prever com precisão o que aconteceu na terceira região.
• Os pesquisadores agora estão procurando maneiras de desconstruir a caixa preta do algoritmo para encontrar os padrões detectados.
• Esperam então aplicar o seu modelo a outros sistemas, como incêndios florestais, pandemias e crises financeiras.

“Se uma próxima transição crítica puder ser prevista, então poderemos preparar-nos para a mudança ou talvez até evitar a transição e, assim, mitigar os danos.”disse o autor sênior do estudo, Gang Yan, professor de ciência da computação na Universidade de Tongji.

Os pesquisadores publicaram suas descobertas na revista Revisão Física.

Prever problemas em vez de soluções

Os pesquisadores chineses estão entusiasmados com os primeiros experimentos, mas ao mesmo tempo temem o impacto que tudo isso poderá causar. Isso ocorre porque os seres humanos tendem a reagir às suas próprias previsões – o que pode causar novos problemas.

O professor Gang Yan deu o seguinte exemplo:

Consideremos o transporte urbano: embora possa ser simples identificar estradas congestionadas, anunciar informações sobre congestionamentos em tempo real a todos os condutores pode levar ao caos.

Gangue Yan

“Os condutores podem alterar imediatamente as suas rotas em resposta às informações, o que pode aliviar o congestionamento em algumas estradas, mas simultaneamente criar congestionamento noutras. Esta interação dinâmica torna a previsão particularmente complexa”, concluiu o professor.

As informações são de Ciência Viva.