Como aprendemos na escola, o Sistema Solar é essencialmente composto por planetas que giram em torno do Sol – da mesma forma que outras estrelas. E ao redor de cada planeta orbitam corpos celestes conhecidos como satélites. Asteroides, cometas e outros objetos cósmicos também estão ali, na imensidão do céu acima de nossas cabeças.
Esta dinâmica acontece o tempo todo, e a combinação entre estes movimentos pode ser comparada a “passos de dança” – com a Terra servindo como público a partir do qual podemos contemplar este espetáculo.
Esta semana, a programação observável do nosso planeta envolve a Lua, Júpiter, Marte e até um cometa! Vamos dar uma olhada:
Nesta segunda-feira (23), a Lua ficará próxima de Júpiter no céu – em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica.
De acordo com o guia de observação In-The-Sky.orgisso acontece às 20h22 (todos os horários mencionados estão no fuso horário de Brasília). Nesse momento, a Lua passará pouco mais de 5º ao norte de Júpiter.
De São Paulo, a dupla só será visível nas primeiras horas da manhã, entre 0h29 e 5h34 – ou seja, a conjunção em si não poderá ser vista, pois os corpos estarão abaixo da linha do horizonte. Mesmo assim, enquanto estiverem no céu, ainda estarão muito próximos.
Enquanto a Lua terá magnitude de -12,1, a de Júpiter terá -2,5, ambos na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o seu valor de magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.
O par não estará próximo o suficiente para caber no campo de visão de um telescópio ou binóculo, mas será visível a olho nu.
Marte entra em cena
Na quarta-feira (25), a Lua assume mais um par. Às 8h50, estará em conjunção com Marte, passando pouco mais de 4º ao norte do planeta. Neste momento, eles não poderão mais ser vistos juntos no céu de São Paulo. De acordo com o site In-The-Sky.orga visibilidade do par varia de 1h12 a 5h18.
Mesmo assim, como no caso da conjunção com Júpiter, enquanto aparece na paisagem celeste, a Lua pode ser vista mais próxima de Marte. Ela, com magnitude de -11,7, e ele, com 0,5 – ambos na constelação de Gêmeos.
O par não estará próximo o suficiente para caber no campo de visão de um telescópio, mas será visível a olho nu ou através de um par de binóculos.
A semana termina com um encontro arriscado, que pode ser fatal para um cometa: o periélio (ou seja, a maior aproximação ao Sol). Isso acontece na sexta-feira (27).
Sobre o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS):
- No início de 2023, dois programas de observação astronómica – Tsuchinshan e ATLAS – descobriram independentemente o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS);
- Este objeto prometia ser um espetáculo visível a olho nu no céu nos últimos meses de 2024, sendo possivelmente o cometa mais brilhante dos últimos tempos;
- Com a sua passagem mais próxima da Terra marcada para 12 de outubro, a cerca de 70,6 milhões de km, alguns estimaram que seria mais brilhante até do que Júpiter;
- No entanto, em Julho, o astrónomo checo-americano Zdenek Sekanina publicou uma análise sugerindo que o cometa poderia não sobreviver à sua viagem, fragmentando-se antes da sua maior aproximação;
- Sekanina observou sinais de desintegração à medida que o cometa se aproximava do Sol, levantando dúvidas sobre a sua sobrevivência;
- Dois meses após esta previsão, o cometa Tsuchinshan-ATLAS continua a mostrar sinais de estabilidade, sem sinais claros de desintegração;
- Estudos, no entanto, indicam que isso ainda pode acontecer.
“Na sexta-feira, o cometa Tsuchinshan-ATLAS deverá atingir o periélio e, segundo cálculos, já deverá estar tão luminoso quanto Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno [que tem aparente de −1,46]”, disse Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital.
Segundo Zurita, o cometa terá dois momentos de visibilidade, sendo o primeiro iniciado no dia 15 deste mês. Desde então, pode ser avistado no final da manhã, a leste, pouco antes do amanhecer. “E estará mais alto no céu todos os dias até o dia 28. A partir daí ‘cairá’ em direção ao Sol, deixando de ser visível no dia 4 de outubro e reaparecendo novamente a partir do dia 12 ao anoitecer, na direção oeste”.
Porém, o especialista lembra que alguns estudos indicam que o cometa pode se desintegrar antes disso. “Portanto, a recomendação é aproveitar as oportunidades de observação nos dias que antecedem o periélio e torcer para que ele sobreviva a este encontro com o Sol”, disse, acrescentando que, “se isso acontecer, então provavelmente teremos um espetáculo ao entardecer durante o mês de outubro.”
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