A inauguração do novo foguete da Blue Origin, empresa de astronáutica de Jeff Bezos, está cada vez mais próxima. Batizado de New Glenn, o veículo espacial acaba de completar uma etapa crucial de testes de pré-lançamento.
O segundo estágio da espaçonave, denominado GS2, acaba de passar com sucesso por um teste de ignição do motor (teste de fogo quente), procedimento essencial para validar os sistemas antes do voo, previsto para novembro, a partir de Cabo Canaveral, na Flórida.
De acordo com um declaração emitido pela Blue Origin, o teste durou 15 segundos e foi o primeiro em que o segundo estágio operou de forma integrada, utilizando seus dois motores BE-3U e sistemas de controle de solo. O objetivo era confirmar as interações entre subsistemas, como o controle de pressurização do tanque de combustível, que utiliza hélio para manter o hidrogênio líquido e o oxigênio pressurizados durante o voo.
O sistema de controle vetorial de empuxo, responsável pelo direcionamento do foguete, também foi avaliado. Além disso, o teste validou as sequências de partida e desligamento dos motores BE-3U, que podem ser reiniciados até três vezes em uma missão.
Projetado para missões em órbita terrestre baixa (LEO), órbita média (MEO) e órbita geossíncrona (GEO), o segundo estágio do New Glenn tem 26,8 metros de altura e 7 metros de diâmetro. A arquitetura robusta dos motores BE-3U permite gerar até 769.500 Newtons de empuxo, o que o coloca entre os motores a hidrogênio mais potentes já desenvolvidos.
Segundo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digitalcom esse empuxo, o par de motores é capaz de levantar uma massa de cerca de 764 toneladas a 1m/s². “A questão é que para gerar essa energia o foguete precisa de combustível. E o combustível pesa muito nesta equação. Portanto, a carga útil acaba sendo uma pequena fração disso.”
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Durante os testes, a equipe de operações da Blue Origin também simulou os procedimentos do dia do lançamento para garantir que todos os sistemas funcionassem conforme planejado.
Com mais de 98 metros de altura total, New Glenn é um foguete imponente. Seu primeiro estágio, projetado para ser reutilizável, é movido por sete motores BE-4, que utilizam gás natural liquefeito como combustível. Além dos motores BE-3U e BE-4, a Blue Origin fabrica o BE-7 para o módulo lunar Blue Moon e o BE-3PM, usado no foguete New Shepard.
Após o sucesso do teste de fogo, o lançamento do foguete que leva o nome do astronauta John Glenn, que se tornou o primeiro norte-americano a orbitar a Terra em 1962, marca um passo significativo para a Blue Origin.
Durante a missão inaugural, prevista para uma janela entre os dias 13 e 21 de outubro, a empresa enviará ao espaço a plataforma orbital Blue Ring, que terá a função de abastecer, transportar e abrigar satélites.
Inicialmente, a NASA planejou usar o primeiro vôo do foguete New Glenn para lançar a missão ESCAPADE a Marte. Sigla para “Exploradores de Escape e Aceleração e Dinâmica de Plasma”, o empreendimento envolverá duas sondas que estudarão as interações entre o vento solar – partículas eletricamente carregadas emitidas pelo Sol – e a magnetosfera marciana. A espaçonave gêmea realizará observações simultâneas em diferentes pontos do Planeta Vermelho, permitindo análises em tempo real das mudanças no clima espacial e na magnetosfera marciana.
No entanto, no início deste mês, NASA anunciou que a missão ESCAPADE não fará mais parte do voo de estreia de New Glenn. A decisão foi tomada para evitar custos e problemas técnicos em caso de atraso no lançamento.
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