Maioria dos brasileiros sofre com algum distúrbio do sono

Você tem alguma dificuldade para dormir? Se a resposta foi sim, saiba que você não está sozinho. Muito pelo contrário. Estudo da Fundação Oswaldo Cruz revela que 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios relacionados ao sono.

Ameaça à saúde pública do país

Segundo o trabalho, a maioria dos brasileiros relatou situações que impedem as pessoas de adormecer, interrompem ou tornam o sono insuficiente para a recuperação total do corpo. O professor Alan Luiz Eckeli, especialista em neurologia e medicina do sono, afirma que isso revela uma grave ameaça à saúde pública no Brasil.

Ele explica que existem mais de 70 distúrbios do sono, e para cada um deles existem peculiaridades relacionadas à suscetibilidade, aos sintomas e ao tratamento dessas doenças. Menciona também aqueles com maior prevalência: apneia obstrutiva do sono, insônia crônica e síndrome das pernas inquietas.

A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio que faz com que a respiração seja muito superficial e até mesmo interrompida durante o sono. Isso compromete a qualidade do sono, levando à sensação de que o descanso não foi suficiente.

Segundo o Estudo Epidemiológico do Sono (Episono), estima-se que a prevalência da apneia obstrutiva do sono na população paulista seja de 33%, um terço da população adulta da cidade de São Paulo. O professor Eckeli afirma que essa condição tem fator hereditário, também está associada à obesidade e à idade avançada, além de fatores anatômicos relacionados aos ossos da face.

A insónia manifesta-se de diversas formas: pode ser através da dificuldade em adormecer (insónia inicial), dificuldade em manter o sono, acordar durante a noite (insónia de manutenção) ou resistência ao sono após acordar antes do horário de sono necessário (insónia ao acordar cedo), afetando diretamente a qualidade e a quantidade do sono.

A insônia crônica, por sua vez, é caracterizada quando esses episódios ocorrem pelo menos três vezes por semana durante pelo menos três meses. Segundo Eckeli, a origem fatorial dessa doença tem caráter genético, além disso, é um distúrbio que depende do ambiente e do comportamento. Indivíduos menos predispostos a dormir têm maior probabilidade de desenvolver insônia crônica, e fatores de saúde mental, como ansiedade e depressão, também influenciam no desenvolvimento dessa condição.

A síndrome das pernas inquietas, ou doença de Willis-Ekbom, é uma condição neurológica que cria uma necessidade incontrolável de mover as pernas para aliviar o desconforto. Esse distúrbio está ligado a sensações de formigamento e queimação nas pernas e se manifesta principalmente à noite e na hora de dormir.

O professor afirma que essa condição tem forte predisposição genética, mas também é afetada por fatores ambientais. É uma doença que está associada a pessoas que possuem doença renal crônica, diabetes ou restrições alimentares relacionadas à falta de consumo de carne vermelha, por exemplo. As informações são do Jornal da USP.

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Importância do sono e malefícios de uma noite mal dormida

• O professor Alan Luiz Eckeli afirma que essa alta prevalência de distúrbios do sono causa impactos significativos nas questões socioeconômicas, pois prejudica diretamente o desempenho das pessoas nas atividades diárias.
• Ele destaca que esses transtornos fazem com que as pessoas faltem mais ao trabalho ou não consigam realizar suas atividades adequadamente.
• Acidentes de trabalho e de trânsito também estão ligados ao sono inadequado.
• Segundo o professor, a privação do sono gera sintomas como redução da atenção, dos reflexos e da coordenação motora, aumentando as chances de acidentes.
• Eckeli destaca que os adultos precisam dormir de sete a oito horas ininterruptas para manter as principais funções reparadoras, como reparação tecidual, crescimento muscular e síntese proteica.
• Existem diversas recomendações para manter um sono saudável, incluindo a redução do esforço e da exposição a estímulos ambientais duas horas antes de dormir, reduzindo o volume da TV, por exemplo, uma hora antes de dormir realizando uma atividade não estimulante. o que ajudará na percepção dos sintomas de sonolência, como a leitura.
• Também é recomendado realizar atividades físicas durante o dia, além de manter uma alimentação saudável, sendo a última refeição do dia baixa em calorias, para que a digestão não comprometa o sono.
• O ambiente onde você dorme também deve ter algumas características, deve ser silencioso, escuro e termicamente agradável.