O número recorde de incêndios florestais este ano no Brasil e em outros países da América do Sul não é mera coincidência. Um estudo publicado recentemente aponta que as alterações climáticas estão a tornar a região mais quente, mais seca e mais inflamável.
Dados analisados vão até 2022, mas servem para explicar o que está acontecendo agora
- Os pesquisadores analisaram dados de temperatura, precipitação e ocorrência de incêndios nos últimos 40 anos em toda a América do Sul.
- Eles encontraram evidências de que esses eventos se tornaram mais frequentes e graves, especialmente no norte da Amazônia, no nordeste do Gran Chaco (que abrange o Pantanal) e na região do Lago Maracaibo, na Venezuela.
- Nestes locais, entre 1971 e 2000, condições quentes, secas e inflamáveis ocorreram geralmente durante menos de 20 dias por ano.
- No entanto, nas últimas décadas aumentaram para até 70 dias por ano, mais de três vezes mais.
- Os dados analisados vão até 2022, mas servem para explicar o que está acontecendo agora na região.
- As conclusões foram descritas em um estudo publicado na revista comunicações terra e meio ambiente.
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Os incêndios florestais deverão tornar-se ainda mais intensos
Os cientistas também descobriram que, ao comparar os períodos entre 1971-2000 e 2001-2022, o número de dias quentes aumentou cerca de 60 dias por ano na Amazônia e na região da Bacia de Maracaibo.
No Pantanal, embora o aumento dos dias quentes não tenha sido tão significativo, houve aumentos maiores no número de dias secos por ano em toda a América do Sul. Além disso, no mesmo período, observou-se que a precipitação anual na região, como em Maracaibo, caiu em torno de 100 mm e 200 mm, respectivamente.
No estudo, os pesquisadores destacaram que a quantidade de chuva nessas áreas ainda é elevada (mais de 1.000 mm por ano). No entanto, as condições de seca aumentaram mais de 50 dias por ano nestas duas regiões.
No Pantanal, por exemplo, as mudanças climáticas aumentaram em cerca de 40% o número de incêndios florestais observados em junho. Além disso, a crise climática aumentou em até 20 vezes a chance de as condições meteorológicas contribuírem para a intensificação dos incêndios na Amazônia Ocidental entre março de 2023 e fevereiro de 2024.
Desde agosto, somente no Amazonas, todos os 62 municípios do estado estão em situação de emergência ambiental devido à forte seca e ao aumento das queimadas na região. Segundo a Defesa Civil do estado, 330 mil pessoas já sofrem os impactos da seca que atinge o estado e isola comunidades do interior.
E a tendência é piorar. Segundo os cientistas envolvidos no estudo, as temporadas de incêndios provavelmente se tornarão cada vez mais intensas se nada for feito para controlar o aumento das temperaturas no planeta.
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