Quando nos deitamos para dormir, não apenas adormecemos. A ciência explica que existem várias fases entre adormecer e acordar. Um deles parece desempenhar um papel fundamental na prevenção da demência. Pesquisadores da Austrália, Canadá e Estados Unidos fizeram a descoberta que associa o declínio do sono profundo a um maior risco da doença.
O estudo, publicado em 2023 em Neurologia JAMA, analisaram dados de 346 pessoas coletados entre 1995 e 1998 e de 2001 a 2003. As informações deste último período são provenientes de pacientes sem histórico de demência que tinham mais de 60 anos em 2020.
O que é sono de ondas lentas
O terceiro estágio do ciclo do sono humano, também chamado de sono de ondas lentas, dura cerca de 20 a 40 minutos. É a fase mais calma, em que o corpo fica mais relaxado, com músculos, respiração e batimentos cardíacos mais lentos.
Além de ser muito relaxante, a fase do sono profundo ajuda a fortalecer nossos músculos, ossos e sistema imunológico, além de preparar o cérebro para absorver mais informações ao acordar. No entanto, não se sabia se esta fase desempenhava um papel no desenvolvimento da demência até à nova descoberta.
O sono profundo é crucial para reduzir o risco de demência
- Os cientistas usaram dados de sono de dois estudos anteriores e acompanharam a evolução dos pacientes até 2018. Nos 17 anos de acompanhamento, ocorreram 52 casos de demência.
- O resultado da análise revelou que a taxa de sono de ondas lentas caiu a partir dos 60 anos, atingindo seu pico de declínio entre 75 e 80 anos.
- Para cada ponto percentual (1%) de redução no sono de ondas lentas num ano, o risco de demência aumentou 27%.
- As chances de desenvolver Alzheimer, por exemplo, aumentaram 32% no mesmo cenário.
- O gene APOE ε4, um fator de risco para a doença de Alzheimer, também está associado a declínios mais rápidos no sono de ondas lentas.
- Em suma, a perda da qualidade do sono profundo leva a um risco maior de desenvolver condições neurológicas.
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Embora a pesquisa tenha feito conexões claras entre o sono de ondas profundas e a demência, ela não prova necessariamente que o primeiro cause a segunda. É provável que processos cerebrais característicos da doença sejam responsáveis pelo declínio na qualidade desta fase.
Novas pesquisas ainda precisam ser feitas, mas já sabemos algumas coisas novas sobre o assunto. Publicamos aqui no Olhar Digital a descoberta de um novo estudo que mostra que a manipulação das ondas cerebrais associadas à fase inconsciente do sono pode ajudar no tratamento da demência.
Independentemente de ser uma causa ou não, cuidar da sua noite de sono sempre será um bom investimento para a sua saúde em geral.
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