Como psicodélicos agem no cérebro?

novembro 26, 2024
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Como psicodélicos agem no cérebro?


Nos últimos anos, o interesse pelos psicodélicos cresceu exponencialmente, impulsionado tanto por novos estudos científicos como por uma mudança cultural na percepção destas substâncias. Mas, afinal, como esses compostos atuam no cérebro humano?

Utilizados durante séculos em rituais e práticas religiosas, substâncias psicadélicas como o LSD, a psilocibina e o DMT são agora o foco de investigação que investiga os seus efeitos terapêuticos para condições como depressão, ansiedade e até perturbações de stress pós-traumático (TEPT).

Os psicodélicos, conhecidos por alterar a percepção, o pensamento e o humor, causam essas alterações agindo diretamente em áreas e receptores específicos do cérebro.

Psicodélicos como o LSD e a psilocibina estão no centro de estudos que investigam sua capacidade de transformar a atividade cerebral e tratar doenças como depressão e ansiedade. Imagem: Sergiy Katyshkin / Shutterstock

Embora as experiências induzidas por estas substâncias sejam variadas, desde a euforia até intensas visões introspectivas, a ciência está a começar a decifrar os mecanismos por detrás destas sensações e a compreender como estas drogas podem religar a actividade cerebral.

Vamos explorar em profundidade os processos pelos quais os psicodélicos alteram a consciência e o que isso significa para a ciência moderna.

O que são psicodélicos?

Psicodélicos são substâncias que alteram a consciência e a percepção da realidade. Afetam diretamente os sentidos, as emoções e a cognição, levando os usuários a experiências profundas, muitas vezes descritas como transcendentais ou místicas.

As substâncias mais conhecidas nesta categoria incluem LSD (dietilamida do ácido lisérgico), psilocibina (presente em cogumelos alucinógenos), mescalina (encontrada no peiote) e DMT (dimetiltriptamina, principal componente da ayahuasca).

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Estas substâncias têm sido utilizadas por diferentes culturas há milhares de anos, muitas vezes em contextos espirituais ou religiosos. No entanto, nas últimas décadas, o interesse acadêmico pelos psicodélicos ressurgiu, especialmente pelo seu potencial para tratar uma variedade de transtornos mentais.

Vários estudos demonstraram que estes compostos podem ajudar a reestruturar a mente, proporcionando novas perspectivas sobre questões emocionais complexas.

O LSD (dietilamida do ácido lisérgico), também conhecido como “doce” ou “ácido”, é uma substância sintética pertencente ao grupo dos alucinógenos
O LSD, um dos psicodélicos mais conhecidos, é amplamente estudado por seu impacto na consciência e potencial para tratar transtornos mentais como depressão e ansiedade. Imagem: Melnikov Dmitriy / Shutterstock

Psicodélicos e o cérebro: uma interação profunda

Para entender como os psicodélicos agem no cérebroé essencial primeiro compreender o papel da serotonina. A serotonina é um neurotransmissor que regula diversas funções cerebrais, como humor, apetite, sono e memória.

Os psicodélicos interagem principalmente com os receptores de serotonina, especificamente o receptor 5-HT2A. Essa interação é fundamental para as mudanças perceptivas e emocionais que os usuários experimentam durante uma “viagem” psicodélica.

Ao se ligarem aos receptores 5-HT2A, os psicodélicos causam hiperconectividade entre regiões do cérebro que, em condições normais, não costumam se comunicar com tanta intensidade.

Esta nova rede de conexões permite que diferentes áreas do cérebro troquem informações mais livremente, resultando em experiências sensoriais intensificadas, sinestesia (quando um sentido se sobrepõe a outro, como “ver” sons) e a sensação de dissolução do ego, onde o indivíduo perde temporariamente o sentido. de si mesmo como uma entidade separada do resto do mundo.

Dissolução do ego e a perspectiva neural

A “dissolução do ego” é um dos efeitos mais comentados pelos usuários de psicodélicos. Esta experiência envolve a sensação de que as barreiras entre o “eu” e o mundo externo desaparecem, levando o indivíduo a um sentimento de unidade com o universo ou a natureza.

De uma perspectiva neurológica, esta sensação de perda do ego pode estar ligada à redução da actividade na “Rede de Modo Padrão”, um sistema cerebral que desempenha um papel central na auto-referência e na narrativa interna.

O DMN é responsável por manter nosso senso contínuo de identidade, e sua supressão durante o uso psicodélico pode explicar por que muitos usuários relatam perda de ego.

Cérebro visto de lado. Doença degenerativa. Doenças cerebrais degenerativas, Alzheimer
A redução da atividade na Default Mode Network (DMN) durante o uso de psicodélicos pode explicar o sentimento de “perda do ego” e a profunda conexão com o universo relatada por muitos usuários. Imagem: Shutterstock

Num estado normal, o DMN atua como um “centro de controle” no cérebro, organizando e gerenciando a interação entre diferentes áreas cerebrais. Ao diminuir a sua actividade, os psicadélicos permitem que outras regiões comuniquem mais abertamente, resultando em novas formas de pensar e perceber a realidade.

Neuroplasticidade e o poder terapêutico dos psicodélicos

Outro aspecto fascinante do efeito dos psicodélicos no cérebro é a sua influência na neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se reorganizar, formar novas conexões e aprender.

Estudos recentes indicam que substâncias como LSD e psilocibina podem estimular o crescimento de dendritos (ramos de neurônios) e sinapses (pontos de comunicação entre neurônios). Este aumento na conectividade neural pode explicar por que muitas pessoas relatam mudanças duradouras na sua visão de mundo e saúde mental após o uso de psicodélicos.

Imagem cerebral representando o conceito de neuroplasticidade
Psicodélicos, como LSD e psilocibina, demonstraram potencial para estimular a neuroplasticidade. Imagem: nobeastsofierce/Shutterstock

Este fenômeno é particularmente relevante no tratamento de condições como depressão e ansiedade. A pesquisa sugere que os psicodélicos podem “reiniciar” o cérebro, interrompendo padrões de pensamento negativos e repetitivos associados a essas condições.

Ao promover a formação de novas conexões neurais, essas substâncias podem ajudar os pacientes a quebrar padrões de pensamento destrutivos e abrir caminho para novas formas de lidar com seus problemas emocionais.

Psicodélicos e o “efeito místico”

Um dos elementos mais intrigantes das experiências psicodélicas é o chamado “efeito místico”. Muitos usuários relatam vivenciar momentos de intensa espiritualidade, nos quais se sentem conectados a uma força maior ou a uma realidade além do mundo físico. Estas experiências são frequentemente descritas como profundamente transformadoras e estão associadas a sentimentos de paz, propósito e compreensão.

Do ponto de vista neurológico, o efeito místico pode estar relacionado à desinibição de regiões cerebrais responsáveis ​​pela filtragem de informações sensoriais e emocionais. Normalmente, nosso cérebro atua como um filtro, selecionando quais informações do ambiente são relevantes e descartando o restante.

Os psicodélicos parecem reduzir essa filtragem, permitindo que mais informações sensoriais e cognitivas cheguem à nossa consciência. Isso pode explicar as visões intensas e os profundos sentimentos de unidade que muitos relatam durante uma “viagem” psicodélica.

Viagem psicodélica
As viagens psicodélicas podem proporcionar experiências místicas e transformadoras, com visões intensas e um sentimento de profunda conexão com o universo. Este efeito pode estar ligado à desinibição cerebral, permitindo que mais informações sensoriais e emocionais cheguem à consciência. Imagem: svtdesign/Shutterstock

Psicodélicos e saúde mental: a nova fronteira da terapia

Com os avanços nas pesquisas sobre os efeitos dos psicodélicos no cérebro, cientistas e terapeutas têm se mostrado otimistas quanto ao uso dessas substâncias no tratamento de doenças mentais. Estudos clínicos com psilocibina, por exemplo, mostraram resultados promissores no tratamento da depressão resistente a medicamentos, uma condição que não responde aos tratamentos convencionais.

Da mesma forma, há evidências de que o uso controlado de MDMA, outra substância psicodélica, pode ser eficaz no tratamento de transtornos de estresse pós-traumático (TEPT). Durante as sessões de terapia assistida por psicodélicos, os pacientes podem revisitar traumas e emoções difíceis de uma forma mais aberta e compassiva, o que facilita a cura.

Os psicodélicos representam uma fronteira fascinante entre a ciência do cérebro e o campo da saúde mental. Com a sua capacidade de alterar a percepção, reconfigurar a actividade cerebral e promover a neuroplasticidade, estas substâncias têm o potencial de transformar a forma como tratamos uma variedade de perturbações mentais.

Embora ainda haja muito a ser descoberto, o crescente corpo de pesquisas sugere que os psicodélicos podem, de fato, abrir novas portas para a compreensão da mente humana e das complexidades da consciência.

Porém, é importante lembrar que, apesar dos avanços, o uso de psicodélicos ainda requer muita cautela e deve ser feito sob supervisão médica, principalmente em contextos terapêuticos. À medida que mais estudos forem realizados, poderemos compreender melhor os riscos e benefícios destes compostos, contribuindo para a sua utilização responsável e informada no futuro.





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