Imagens inéditas revelam indígenas em perigo na Amazônia

Imagens inéditas revelam a presença de dezenas de indígenas isolados do povo Mashco Piro, na Amazônia peruana, a poucos quilômetros de áreas madeireiras. Os activistas exigem a revogação imediata das licenças de exploração e o reconhecimento dos direitos territoriais do Mashco Piro, alertando para uma possível crise humanitária.

As novas imagens, divulgadas no dia 16 de julho, mostram dezenas de indígenas Mashco Piro, que vivem isolados na Amazônia peruana, a poucos quilômetros de áreas designadas para exploração madeireira. Essas pessoas evitam o contato com pessoas de fora, permanecendo isoladas.

Ativistas de Sobrevivência Internacional afirmam que as imagens destacam a urgência de revogar as licenças madeireiras na área e reconhecer o território como pertencente ao Mashco Piro. Estima-se que sejam o maior grupo de povos indígenas isolados do mundo.

Avistamentos recentes do povo indígena Mashco Piro

Nos últimos dias, mais de 50 indígenas Mashco Piro foram vistos perto da aldeia indígena Yine de Monte Salvado, no sudeste do Peru. Em outro avistamento, 17 Mashco Piro apareceu na vila de Puerto Nuevo.

Os Yine, que não estão isolados, falam uma língua semelhante à dos Mashco Piro e já relataram reclamações sobre a presença de madeireiros nas terras dos Mashco Piro.

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Concessões madeireiras em território indígena

• Várias empresas madeireiras possuem concessões no território Mashco Piro. O mais próximo fica a poucos quilômetros de onde as novas imagens foram capturadas.
• A empresa Canales Tahuamanu, certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council), construiu mais de 200 km de estradas para o transporte da madeira colhida.
• Apesar da certificação que atesta operações sustentáveis, o governo peruano reconheceu há oito anos que a empresa extrai madeira no território Mashco Piro.
• A Survival International solicitou ao FSC que cancelasse a certificação de Canales Tahuamanu. Mais de 8 mil pessoas ao redor do mundo já enviaram e-mails pressionando o FSC.

Declarações de líderes e ativistas

Alfredo Vargas Pio, presidente da organização indígena FENAMAD (Federação Indígena do Rio de Madre de Dios e Afluentes), afirmou que “esta é uma prova irrefutável de que muitos Mashco Piro vivem nesta área que o governo, além de não proteger, vendeu para empresas madeireiras.” Ele continuou: “Os trabalhadores podem trazer novas doenças mortais para o Mashco Piro, além do risco de violência. É crucial que os direitos territoriais do Mashco Piro sejam reconhecidos e protegidos por lei.”

“Essas imagens mostram que um grande número de indígenas Mashco Piro isolados vive a poucos quilômetros de áreas concedidas para exploração madeireira. Canales Tahuamanu já opera dentro do território Mashco Piro”, disse Caroline Pearce, diretora da Survival International.

Ela acrescenta: “Uma crise humanitária está se formando – é essencial que os madeireiros sejam removidos e que o território de Mashco Piro seja protegido. O FSC deve cancelar a certificação de Canales Tahuamanu, caso contrário ficará claro que todo o sistema de certificação é uma farsa.”