Chimpanzés conversam de forma quase humana, diz pesquisa

Cientificamente falando, é quase impossível negar as semelhanças entre humanos e primatas. Seja na estrutura física ou no comportamento em sociedade. Numerosos artigos apontam para esta relação. E um novo estudo acaba de trazer mais um elemento para reforçar a tese.

Pesquisadores da Universidade de St Andrews, na Escócia, descobriram que os chimpanzés se comunicam de uma forma muito semelhante à nossa. Funciona como um chat, com interrupções, movimentos das mãos e diferentes expressões faciais.

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Sabe quando você está conversando com um grupo de amigos? Imagino que alguns de vocês (se não todos) gesticulam bastante enquanto falam. Além disso, um acaba interrompendo o outro no meio do raciocínio, ou falando por cima dele, caso a pessoa tenha algo a dizer para contribuir com o assunto.

Imagino também que você já deve ter visto vários rostos e bocas durante um diálogo. Sem falar na constante mudança de assunto, principalmente quando encontramos aquela pessoa que não víamos há muito tempo.

Você se identificou com alguma dessas características? Os cientistas perceberam que os chimpanzés fazem a mesma coisa, mas sem um vocabulário definido, como o nosso. A estrutura do sinal, entretanto, é a mesma.

Uma conversa quase humana

• Segundo Catherine Hobaiter, uma das autoras do estudo, a rápida troca de interlocutores é uma das marcas da conversa humana.

“Todos nós gastamos cerca de 200 milissegundos entre cada alto-falante”ela disse.

• Ao examinar milhares de interações entre chimpanzés selvagens, Hobaiter e outros cientistas conseguiram cronometrar as suas conversas.
• E as reações, embora um pouco mais demoradas, são muito parecidas com as dos humanos.
• Os intervalos para troca de interlocutor variaram de 1.600 milissegundos antes do final do gesto, a 8.600 milissegundos entre os chimpanzés, ou seja, frações de segundo também.
• Para chegar a estes números, os investigadores passaram décadas observando o comportamento de cinco comunidades de chimpanzés selvagens em florestas no Uganda e na Tanzânia.
• Eles gravaram e traduziram mais de 8 mil gestos de 250 animais diferentes.
• Outra pesquisadora, Gal Badihi, também da Universidade de St. Andrews, explicou que os gestos permitem que os chimpanzés evitem conflitos e se coordenem entre si – algo que os humanos também fazem.

“Um chimpanzé pode gesticular para outro que quer comida, e esse outro pode dar-lhe comida ou, se estiver se sentindo menos generoso, pode gesticular para que ele vá embora.”explicou o pesquisador.

“Eles podem chegar a um acordo sobre como e onde se relacionar. É fascinante e feito com apenas alguns gestos curtos.”concluiu Badihi.

Todos esses dados constam de artigo científico publicado na revista Biologia Atual última segunda-feira (22).

Os incríveis chimpanzés

Esta não foi a primeira pesquisa que revelou características quase humanas destes primatas.

Estudiosos da mesma Universidade de St Andrews, por exemplo, já demonstraram que os chimpanzés podem ter algo semelhante ao nosso raciocínio lógico.

Outra pesquisa da Universidade da Califórnia, em Berkeley, descobriu que os chimpanzés conseguem reconhecer amigos e familiares depois de décadas separados.

Há também um relatório da Universidade de Durham, no Reino Unido, que identificou que esses animais se cumprimentam ao chegar e sair dos lugares, como o nosso “oi” e “tchau”.

E agora temos este artigo sobre comunicação avançada entre eles. Como próximo passo, os cientistas querem analisar mais detalhadamente os dados obtidos.

Além disso, estudam estudar as formas de comunicação de outras espécies animais. Não apenas para entendê-los melhor, mas também para ajudar a compreender como nossas próprias regras de conversação evoluíram.

As informações são de BBC.