Novas pesquisas contradizem documentário da Netflix sobre ancestral humano

agosto 14, 2024
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Novas pesquisas contradizem documentário da Netflix sobre ancestral humano


Os cientistas negam (mais uma vez) que o Homo naledi, criatura apresentada no documentário da Netflix “Explorando o Desconhecido: Caverna dos Ossos”, seja um possível “elo perdido” que poderia mudar completamente a visão que temos hoje sobre a evolução dos seres humanos.

Tudo começa com o documentário que é apresentado pela Netflix como aquele em que “cientistas examinam fósseis com mais de 250 mil anos, o que levanta questões sobre a nossa evolução e o que realmente significa ser humano”. Controverso? Sem dúvida.

O facto é que os especialistas apresentaram agora estudos que apontam como o Homo naledi pode não ter mudado a história tão radicalmente como se pode concluir a partir da descrição acima.

A controvérsia do Homo naledi

Homo naledi é uma espécie de hominídeo descoberta recentemente (identificada pela primeira vez em 2015).

O fato intrigante sobre o possível ancestral é que ele teria hábitos que, até então, só foram identificados em neandertais e no Homo sapiens.

Segundo a equipe de especialistas liderada pelo paleontólogo Lee Berger, o principal fator nesta história é que o primata enterrou intencionalmente seus mortos.

Estamos falando de algo que teria acontecido há mais de 240 mil anos e, além disso, o Homo naledi também teria decorado os túmulos com marcações abstratas – algo bastante avançado para alguém com um cérebro tão pequeno quanto o de um chimpanzé.

A afirmação da equipe tornou-se ainda mais intrigante porque, se comprovada, estaríamos falando de algo que aconteceu bem antes dos 100 mil anos em que esse mesmo comportamento foi identificado no Homo sapiens.

E foi justamente essa história que conquistou o mercado e culminou no documentário da Netflix.

Mas assim como a descoberta se espalhou rapidamente, também levantou dúvidas e provocou ceticismo na comunidade acadêmica.

Os especialistas revisaram os artigos da equipe de Berger e concluíram que as evidências eram “incompletas e inadequadas e não deveriam ser vistas como estudos concluídos”.

Foi o que disse George Perry, da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA). ao revisar um dos artigos.

Embora também tenha dado o devido crédito à descoberta dos fósseis do Homo naledi, classificando-a como “inquestionavelmente importante para a paleoantropologia”.

[…] É uma descoberta verdadeiramente surpreendente e um site importante, e informações sobre este site devem continuar a ser produzidas para que mais possam ser conhecidas. É igualmente importante que os artigos produzidos no local sejam integralmente revisados ​​seguindo o rigor científico.

George Perry

Desmistificando a história do Homo naledi

Neste novo artigo, outro grupo de investigadores apresentou evidências de que as conclusões de Lee Berger são infundadas.

A teoria do ritual funerário é baseada na identificação de 15 esqueletos de Homo naledi encontrados nas profundezas da caverna Rising Star, na África do Sul.

Os restos mortais encontravam-se num local de difícil acesso que levou mais de meia hora aos espeleólogos (especialistas que estudam a formação e constituição de cavidades geológicas naturais).

Além disso, os restos mortais foram dispostos em uma posição aparentemente ordenada.

Além disso, não só foram encontrados em uma cova rasa, como também estavam cobertos de terra – o que reforçou a ideia de um “funeral organizado”.

A paleontóloga Kimberly Foecke, autora do estudo que reavalia o hábito do Homo naledi. Imagem: Universidade George Mason

Porém, reanalisando os dados geoquímicos e sedimentológicos apresentados pelos autores originais, os novos especialistas concluíram que não há evidências de que uma porção de terreno tenha sido movimentada com a intenção de sepultar corpos.

Isto excluiria a ideia de que um enterro propriamente dito foi, de facto, realizado.

Os especialistas, no entanto, ainda não conseguiram justificar a posição específica em que os ossos do Homo naledi foram encontrados.

“Espero que isso [novo] trabalho é capaz de criar algum ceticismo no público quando se trata de pesquisa arqueológica”, disse ele, via declaraçãoprofessora Kimberly Foecke, membro do departamento de antropologia da George Mason University, na Virgínia (EUA) e uma das autoras da pesquisa publicado na revista PaleoAntropologia.





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