Pior seca em 44 anos afeta mais da metade dos estados do Brasil

agosto 27, 2024
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Pior seca em 44 anos afeta mais da metade dos estados do Brasil


O cenário que mais da metade do Brasil vem enfrentando graças à pior seca dos últimos 44 anos é desolador, com incêndios (alguns criminosos), baixos níveis de água, ar seco e nocivo, entre outros.

A informação foi divulgada pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a pedido do g1. Das 27 unidades da federação, 16 estados, além do Distrito Federal, enfrentam o pior período de seca, nos períodos de maio e agosto, desde a década de 1980. Eles são:

  • Amazônia;
  • Acre;
  • Rondônia;
  • Mato Grosso;
  • Para;
  • Mato Grosso do Sul;
  • Goiás;
  • Minas Gerais;
  • São Paulo;
  • Paraná;
  • Rio de Janeiro;
  • Espírito Santo;
  • Bahia;
  • Piauí;
  • Maranhão;
  • Tocantins.

Nunca tínhamos visto uma seca tão longa em todo o país, fora dos estados semiáridos. Já são 12 meses. Este é um cenário muito preocupante.

Ana Paula Cunha, especialista em secas e pesquisadora do Cemaden, em entrevista ao g1

A seca, aliada a outros fatores (inclusive humanos), vem causando incêndios (Imagem: Reprodução/Redes sociais)

Como a seca progrediu

  • Os primeiros registros são de junho de 2023, com a chegada do El Niño, que alterou os ciclos de chuvas;
  • Esperava-se que o período chuvoso de outubro de 2023 mitigasse o impacto do El Niño, mas não foi isso que aconteceu;
  • Com muitos bloqueios atmosféricos, impedindo o avanço das frentes frias, o índice ficou abaixo da média em quase todo o país, exceto no Rio Grande do Sul. A região Norte foi a que mais sofreu;
  • No início deste ano, os especialistas esperavam uma redução da situação, mas isso não aconteceu. O El Niño passou, mas o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, devido ao aquecimento global, fez com que o padrão de chuvas permanecesse diferente, permanecendo abaixo da média;
  • Embora o clima tenha agido contra por todos esses motivos, o Brasil bateu recorde de temperaturas máximas;
  • A seca piorou, à medida que aumentou a evapotranspiração, movimento da evaporação das águas dos rios. Normalmente eles se transformam em umidade e depois voltam para o rio com chuva, o que não estava acontecendo.

Agora, são 12 meses de seca na maior parte do país. O ranking do Cemaden mostra que, em diversas áreas, 16 estados registraram o pior índice do período em 44 anos, mas a seca está em quase todos os lugares, com exceção do Rio Grande do Sul, mas com menor intensidade.

Hoje, mais de 3.800 cidades possuem alguma classificação de seca (de fraca a excepcional). O índice é calculado com base no índice pluviométrico e varia conforme a proximidade ou distância da média e do período. Para se ter uma ideia, o número de cidades nessa situação aumentou quase 60% entre julho e agosto. Segundo o Cemaden, os números de agosto ainda são uma prévia e, até o final deste mês, o cenário pode piorar. No Sudeste, por exemplo, das 1.668 cidades existentes, 1.666 estão em situação de seca.

Quanto mais esse cenário durar, mais impactos ele causa, mas, mais que isso, é ainda mais difícil de recuperar. A situação é tão grave que são necessários ciclos de chuvas acima da média para ajudar a aliviá-la e isso não acontecerá no próximo ciclo. Não será suficiente.

Ana Paula Cunha, especialista em secas e pesquisadora do Cemaden, em entrevista ao g1

E como estão os rios e reservatórios?

A falta de chuvas, aliada ao aumento da temperatura, afetou rios de todo o Brasil. A maioria das bacias é classificada como seca, segundo o Cemaden, que também monitora nossos rios.

A hidróloga e pesquisadora do órgão, Adriana Cuertas, explica que a estiagem prolongada está fazendo com que a água desapareça mais rápido do que antes, principalmente na região Norte, além de dificultar a recuperação e a sobrevivência dos rios.

Estes ciclos de seca são preocupantes para as bacias. O rio sobrevive com a água do lençol freático, que passa abaixo dele. Se não chover, esse lençol não é alimentado e com tanto tempo sem repor água, isso dificulta a recuperação. Já estamos vendo rios menores, com cabeceiras, desaparecerem com o tempo em alguns lugares.

Adriana Cuertas, hidróloga e pesquisadora do Cemaden, em entrevista ao g1

Os rios a jusante também estão a sentir o peso destes problemas. No Norte, há dezenas de cidades em alerta e as autoridades pedem aos residentes que abasteçam-se de alimentos. A navegação em algumas áreas onde é o principal meio de transporte tornou-se difícil.

Além das comunidades locais, a economia nacional também sofre, por exemplo, com o escoamento de produtos da zona franca de Manaus. Em 2023, as empresas gastaram R$ 1,4 bilhão com a falta de água, impactando o preço dos produtos distribuídos em todo o Brasil.

Além disso, a geração de energia também acaba sendo afetada. Na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse que, com a baixa dos rios no Norte, seria necessário reduzir o uso de hidrelétricas e acionar termelétricas antes do esperado, já que o Olhar Digital relatado aqui.

Outro problema diz respeito às bacias do Sudeste que alimentam o sistema hidrelétrico, que também estão em situação extrema, segundo o estudo do Cemaden. Por sua vez, o governo afirma que há energia suficiente de diversas fontes para abastecer o país e não há risco de apagão, mas especialistas em energia alertam que a energia pode acabar ficando mais cara em todos os estados.

As medidas emergenciais acabam impactando no custo da geração de energia, que acaba no bolso do consumidor. E não estamos falando apenas da conta de luz, mas de toda a produção, o que impacta até no preço dos alimentos da cesta básica. Precisamos de olhar para as alterações climáticas e começar a pensar em formas de impedir o seu progresso.

Luiz Eduardo Barata Ferreira, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia e do Instituto dos Consumidores de Energia (ICEN) e ex-diretor do ONS, em entrevista ao g1

Imagem aérea de Brasília esfumaçada
A fumaça tomou conta de vários locais, como Brasília (DF) (Imagem: Joédson Alves/Agência Brasil)

Outras ações negativas causadas pela seca

A seca deixa a vegetação, vítima da ação humana, ressecada e mais vulnerável ao fogo. É por isso que o menor incêndio pode se espalhar por quilômetros a fio.

Em 2024, com a seca, a época de incêndios começou mais cedo do que o esperado – e mais grave do que antes, o que é preocupante. Geralmente, os incêndios começam a aparecer em setembro, mês de pico da estação seca. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio registrados no Brasil é o pior em 14 anos.

Nunca vimos estes índices de incêndio no país desta forma, especialmente nesta época do ano. Isso acontece por causa da seca, mas está somado ao fator humano. Sabendo que estamos mais vulneráveis, é necessário prevenir os incêndios, proibir a sua utilização para gestão do território com o país tão vulnerável.

Luiz Aragão, pesquisador do Inpe que trabalha com monitoramento de incêndios, em entrevista ao g1

Até julho, o Pantanal tinha mais de 800 mil hectares queimados pelo fogo neste ano, valor digno de recorde, segundo o Inpe. A Amazônia Legal registrou, até julho, o maior índice de focos de incêndio em 19 anos. Na semana passada, a fumaça das queimadas na região chegou ao Sul do Brasil e se espalhou por mais de dez estados (leia mais sobre suas consequências aqui e aqui).

No fim de semana, a onda de incêndios destruiu mais de 20 mil hectares em São Paulo e obrigou mais de 800 pessoas a deixarem suas casas, segundo o governo do estado.

O Cerrado também sofre com as chamas. Nesta segunda-feira (26), ocorreram surtos ativos no bioma nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Tocantins. A pesquisa do Inpe mostra que, no mês de agosto, até o momento, o cenário é pior que todo o mês de 2023, passando de 3,9 mil focos de incêndio para 5,5 mil.





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