Conforme relatado por Olhar Digitalo cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) – visível nos céus do Hemisfério Sul desde 15 de setembro – ficará “desaparecido” por alguns dias, até ressurgir (talvez ainda mais luminoso) na próxima semana, após mergulhar no Sol luminosidade entre sábado (5) e quarta (10).
Aproveitando os últimos dias desta primeira fase de visibilidade do objeto celeste, o “caçador de tempestades” e astrofotógrafo Gabriel Zaparolli, de Torres, município do Rio Grande do Sul, fez alguns registros impressionantes do cometa – e um deles foi escolhido pela NASA como Imagem Astronômica do Dia (APOD) desta sexta-feira (4)! Confira aqui.
Em entrevista com Olhar Digitalele relatou que a captura foi feita durante uma sessão de astrofotografia no Morro dos Cabritos, na região de Praia Grande, em Santa Catarina, pouco antes das 5h (horário de Brasília) da última segunda-feira (30).
“Utilizei uma Sony A7s2 com lente 50mm F/1.8 e programei para tirar 15 fotos em 3,2s, F/4.0 e ISO 5000 E”, explicou Zaparolli. “Depois, trabalhei nessas imagens para tirar o excesso de ruído e dar um tom mais suave, e depois a técnica de astrofotografia de empilhamento”.
Segundo o astrofotógrafo, o termo, que significa “empilhamento”, basicamente se resume a reunir múltiplas imagens para criar uma única, com menos ruído e mais detalhes.
Ter imagem escolhida pela NASA “é um fardo”, diz fotógrafo
Zaparolli fala sobre os preparativos para a captação da imagem. Segundo ele, tudo começou no dia 15 de setembro, exatamente o primeiro dia de visibilidade do cometa. Porém, as primeiras tentativas foram frustrantes, devido à presença de neblina na região.
Foi preciso persistência. “Depois de cerca de 12 dias de chuva, tempestades, fumaça atrapalhando a visualização e várias noites sem dormir tentando fazer algumas observações, nos dias 28, 29 e 30 de setembro abriu-se uma janela incrível para observação do cometa após a passagem de uma frente fria. levando fumaça e chuva para o Sudeste e Centro-Oeste do Brasil”, relatou o gaúcho.
Isso favoreceu uma visão clara e incrível do cometa a olho nu. “Meu amigo e parceiro de caça ao cometa Gustavo Selau e eu aproveitamos os dias de céu aberto para acompanhar o cometa e vê-lo todos os dias a olho nu”.
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Tão emocionante quanto finalmente poder fotografar o cometa C/2023 A3, foi receber um email da NASA informando que uma dessas fotos havia sido escolhida para o catálogo do APOD.
“É um fardo enorme saber que o pessoal do APOD da NASA escolheu uma imagem minha, porque há tantos envios de vários astrofotógrafos de todo o mundo e você recebe um e-mail dizendo que será a foto astronômica do dia! Fiquei emocionado de felicidade em saber que fui um dos escolhidos entre tantos profissionais incríveis que também estão se esforçando.”
Zaparolli diz que “agora é hora de comemorar e aguardar o próximo”. E nós, aqui em Olhar Digitalparabenizamos o profissional e reforçamos nosso apoio para que registros mais espetaculares como este recebam o devido reconhecimento.
Quando voltar a ser observável, por volta de quarta-feira (10), o cometa começará a ser visto no céu noturno, e não mais no início da manhã.
Sobre o “Cometa do Século”:
- No nome, a letra “C” indica que se trata de um cometa aperiódico, ou seja, tem origem na Nuvem de Oort e pode passar pelo Sistema Solar apenas uma vez ou levar milhares de anos para retornar;
- A designação “2023 A3” revela que foi o terceiro objeto do seu tipo descoberto na primeira quinzena de janeiro de 2023, enquanto o sufixo Tsuchinshan-ATLAS refere-se às instituições envolvidas na sua descoberta;
- O objeto recebeu o apelido de “Cometa do Século”, considerado polêmico, pois há especialistas que não acreditam que seu brilho superará o do cometa McNaught, que passou em 2007 com magnitude de -5,5;
- A previsão atual é que atinge uma magnitude de -0,2 no momento de aproximação máxima da Terra;
- Lembrando que quanto mais brilhante um corpo parece, menor é sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o objeto mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.
Segundo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digitalcom isso, é possível que ele faça jus ao apelido de “do Século”. “O brilho está superando as expectativas e o efeito do espalhamento frontal pode ser ainda mais surpreendente.”
No sábado (12), o cometa atinge seu ponto mais próximo da Terra (chamado perigeu), quando estará a aproximadamente 70,67 milhões de quilômetros do planeta. Neste momento, é possível que o objeto atinja um brilho semelhante ao de Vênus, o corpo celeste mais luminoso do céu noturno, com exceção da Lua.
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