Avião espião da Guerra Fria identifica radioatividade em tempestades

outubro 7, 2024
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Avião espião da Guerra Fria identifica radioatividade em tempestades


Pesquisas recentes revelaram um fenômeno surpreendente: as tempestades tropicais podem emitir raios gama, a forma de luz mais energética. Estes relâmpagos, frequentemente associados a eventos extremos no universo, como explosões de supernovas e buracos negros, também ocorrem em condições climáticas comuns na Terra.

A descoberta foi feita usando uma aeronave da NASA, originalmente usada como avião espião durante a Guerra Fria, que sobrevoou tempestades tropicais no Golfo do México. Esta pesquisa está transformando a compreensão científica da relação entre relâmpagos, nuvens de tempestade e emissões radioativas.

Embora a emissão de raios gama não seja perigosa para os seres humanos, a exposição direta seria acompanhada de outros riscos significativos, como a própria tempestade. Os estudos completos são publicados na revista Natureza.

A presença de raios gama em tempestades

Nos últimos 30 anos, os cientistas descobriram que as tempestades têm a capacidade de criar raios gama, frequentemente associados a explosões de supernovas e buracos negros. As emissões de raios gama em tempestades são classificadas em dois tipos principais: flashes de raios gama terrestres (TGFs), que duram até 100 microssegundos, e brilhos de raios gama, que podem durar centenas de segundos.

Uma nova pesquisa identificou um terceiro tipo, flashes intermitentes de raios gama (FGFs), que têm uma duração mais longa do que os TGFs e parecem estar ligados a brilhos mais longos.

O professor Steve Cummer, da Duke University, disse em um declaração que “praticamente todas as grandes tempestades geram raios gama durante todo o dia, em várias formas”.

A relação com os raios

Inicialmente, acreditava-se que os raios eram responsáveis ​​pela produção dos raios gama, mas novos estudos indicam o contrário: os raios tendem a seguir as emissões de raios gama, sugerindo que estes últimos podem realmente iniciar os raios.

(Imagem: dwleindecker/iStock)

O estudo aponta que elétrons livres, acelerados pelo intenso campo elétrico no interior das nuvens, interagem com moléculas de ar e água, gerando reações que produzem antimatéria e raios gama.

Leia mais:

Avião espião da NASA

Os avanços foram possíveis graças à aeronave ER-2 da NASA, um avião espião U2 da época da Guerra Fria modificado para pesquisas científicas. Este avião voa duas vezes mais alto que um avião comercial e já fez 10 voos sobre o Golfo do México para estudar tempestades tropicais.

Algumas campanhas anteriores tentaram determinar se tais emissões de raios gama eram comuns, mas os resultados foram inconclusivos, especialmente em pesquisas nos Estados Unidos que não detectaram radiação gama. No entanto, o projeto atual visa resolver essas questões de forma definitiva.

Aeronave científica aerotransportada de alta altitude ER-2
Aeronave ER-2 da NASA. (Imagem: NASA/Carla Thomas)

Observações e dinâmica de tempestades

As observações realizadas mostraram que as emissões de brilho de raios gama não são estáticas, mas estão em constante mudança, o que pode limitar a energia acumulada nas tempestades. Os cientistas estimam que o tamanho das tempestades é um fator importante na produção de raios gama, e acreditam que mais da metade de todas as tempestades tropicais podem gerar esse tipo de radiação.

Segundo o professor Martino Marisaldi, da Universidade de Bergen, a dinâmica dos brilhos contraria a visão anterior de que esses fenômenos seriam quase estacionários. Ele compara o comportamento a uma “grande panela de água fervente emitindo raios gama”.





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