ONU aponta que rios do mundo passam pela pior seca em 30 anos

outubro 8, 2024
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ONU aponta que rios do mundo passam pela pior seca em 30 anos


Nesta segunda-feira (7), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório preocupante. O documento aponta que 2023 foi o ano mais seco para rios em todo o mundo em 30 anos.

Isto porque, no ano passado, o calor recorde levou ao ressecamento dos cursos de água, contribuindo também para secas prolongadas em determinados locais.

Rios mundiais sofrem a maior seca recente

  • A agência indicou ainda que os glaciares que alimentam os rios de vários países sofreram a maior perda de massa dos últimos 50 anos;
  • Ele também alertou que o derretimento do gelo poderia ameaçar a segurança hídrica de milhões de pessoas em todo o mundo;
  • Durante a divulgação do relatório, denominado “Estado dos Recursos Hídricos Globais 2023”, a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, disse que “a água é o canário na mina de carvão das alterações climáticas. Recebemos sinais de socorro sob a forma de chuvas, inundações e secas cada vez mais extremas que causam grandes perdas de vidas, ecossistemas e economias”;
  • Segundo o profissional, o aumento das temperaturas em todo o mundo tem feito, em parte, com que o ciclo hidrológico se torne “mais errático e imprevisível”, podendo produzir “muita ou pouca água” com secas e inundações;
  • Saulo afirmou ainda que, “à medida que o planeta aquece, enfrentamos problemas crescentes de muita ou pouca água” e “o derretimento do gelo e dos glaciares ameaça a segurança hídrica a longo prazo para muitos milhões de pessoas. E ainda assim não estamos tomando as medidas urgentes necessárias.”
O aquecimento global está causando cada vez mais problemas (Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)

Além de tratar dos rios, o documento também abrange lagos, reservatórios, águas subterrâneas, umidade do solo, armazenamento de água terrestre, cobertura de neve e geleiras, bem como a evaporação da água da terra e das plantas.

A OMM utilizou dados da ONU Água para afirmar que cerca de 3,6 mil milhões de pessoas têm acesso inadequado à água durante pelo menos um mês por ano, prevendo-se que esse número aumente para cinco mil milhões até 2050.

Além disso, a agência afirma que 70% de toda a água que extraímos dos sistemas hidrológicos é destinada à agricultura.

2023 foi o ano mais quente já registado, tal como o verão passado, considerado o mais quente até à data. Isso levanta preocupações sobre novos recordes já em 2024.

“Nos (últimos) 33 anos de dados, nunca tivemos uma área tão grande em todo o mundo sob condições tão secas”, disse Stefan Uhlenbrook, diretor de hidrologia, água e criosfera da OMM.

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Brasil também está na lista

Como você pode imaginar, o Brasil também possui rios que sofrem com as secas recentes. O relatório destacou que, além do nosso país, o sul dos Estados Unidos, a América Central, o Peru e o Uruguai sofrem com uma seca generalizada com “os níveis de água mais baixos já observados na Amazônia e no Lago Titicaca”, localizado entre o Peru e a Bolívia.

Aqui, o documento aponta que “a Amazônia teve chuvas abaixo do normal, com oito estados apresentando as menores precipitações de julho a setembro em mais de 40 anos”.

Por exemplo, o Rio Negro, localizado em Manaus (AM), registrou o menor nível de água desde 1902: apenas 12,7 m de altura. “A região amazônica sofreu perda de armazenamento entre 2022 e 2023, resultando na maior seca já registrada na bacia”, explica o relatório.

No sudeste do país, há “perdas de armazenamento em poços de monitoramento provavelmente originadas do padrão típico de precipitação induzido por La Niña”. E, na última sexta-feira (4), o Rio Negro bateu nível recorde de águas baixas devido à seca na Amazônia, quando atingiu ainda menos do que o indicado pelo estudo: 12,66 m. Além disso, a OMM apontou que metade do planeta experimentará condições de fluxo de rios secos até 2023.

Seca no Rio Negro
Rio Negro foi um dos rios do mundo afetados pela seca em 2023 (Imagem: jesper Sohof/Shutterstock)

E em 2024?

Por enquanto, os dados para 2024 não estão disponíveis, mas Uhlenbrook observou que o verão extremamente quente “muito provavelmente” mostrará fluxos baixos dos rios também este ano, e “em muitas partes do mundo, esperamos mais escassez de água”.

Por último, a agência apela a melhorias na recolha e partilha de dados, para que possamos ter uma imagem real dos recursos hídricos e ajudar os países a tomar medidas em resposta.





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