CBNN
O Saara é o maior deserto quente do mundo. E a palavra quente é necessária porque também existem desertos frios. A Antártica e o Ártico são os principais exemplos (e são muito maiores em tamanho do que o seu primo distante no Norte de África).
Independentemente da temperatura, o que caracteriza um deserto é o clima árido e a baixa umidade. Segundo Jonathan Wille, meteorologista da Universidade de Grenoble, na França, deserto é qualquer região que receba menos de 250 milímetros de precipitação por ano. Quase não chove.
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É precisamente por isso que esta notícia é tão surpreendente. Tal como escreveu Euclides da Cunha, “o sertão vai virar mar”. Mas, neste caso, foi o Saara. E ainda não era mar, mas sim grandes lagoas formadas no meio das dunas.
O fenômeno foi causado pela maior tempestade dos últimos 50 anos. A secção afectada situa-se no sudeste de Marrocos. Segundo o governo marroquino, em dois dias do final de setembro choveu mais do que o esperado durante todo o ano!
Veja as imagens
- Diversas imagens do fenômeno tomaram conta da imprensa e das redes sociais, como este vídeo feito por um drone:
- Como disse, as chuvas torrenciais provocaram uma espécie de inundação nesta parte do deserto do Saara.
- São como grandes lagoas no meio das dunas, um cenário quase inacreditável para quem mora na região.
- A tempestade foi tão forte em alguns locais que foi possível ver troncos de palmeiras meio cheios de água.
- A cidade de Tata, que sofria com a seca há cerca de 6 anos, foi uma das que mais se beneficiou com a tempestade.
- Na aldeia de Tagounite foram mais de 100 milímetros em apenas 24 horas.
- Famoso ponto turístico, o Lago Irik voltou a encher após 5 décadas.
Causa e consequência
Tal como as frequentes ondas de calor, estas chuvas também foram causadas pelas alterações climáticas? Os meteorologistas ainda não estabelecem uma relação. Eles afirmam que as tempestades que atingiram a porção sul de Marrocos foram uma tempestade extratropical.
Ainda não se sabe se este fenómeno se repetirá ou se as chuvas de Setembro ajudarão a aliviar a seca. A previsão de alguns especialistas, porém, é que as enchentes poderão alterar o clima da região no curto e médio prazo.
Com essas grandes concentrações de água a tendência é que o ar tenha mais umidade. E, devido ao calor da região, essa água deve evaporar, provocando possíveis novas tempestades.
As cheias também começaram a encher os aquíferos subterrâneos ali localizados, essenciais para o abastecimento das comunidades. Após 6 anos de seca nesta área, o governo local adoptou uma política severa de racionamento e os agricultores tiveram de abandonar as suas terras. A perspectiva agora é de esperança para essas pessoas.
As informações são de Al Jazeera.
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