Nesta sexta-feira (25), a Organização Não Governamental (ONG) Imazon divulgou um levantamento, que mostra que, entre janeiro e setembro de 2024, a degradação da floresta amazônica atingiu 26.246 km², o maior índice em 15 anos de medição pelo Desmatamento Alerta (SAD), pertencente à instituição.
Para se ter uma ideia, a quantidade registrada pelo estudo é 17 vezes o tamanho de São Paulo (SP). No mesmo período do ano passado, a quantidade de área degradada na região foi de 1.922 km², representando um aumento de 1.265%.
A degradação é o indicador utilizado para os impactos causados pelas queimadas e exploração madeireira nas florestas. Difere do desmatamento, pois este se refere ao corte definitivo de uma área que antes estava preservada.
Quando uma área florestal é degradada, ela pode causar mais ciclos de incêndio e se tornar mais um emissor de carbono do que um sumidouro.
Em 2023, primeiro ano do atual governo, o desmatamento na Amazônia diminuiu, mas levantamentos feitos por instituições, como o Imazon, apontam para um forte aumento da degradação na região.
No período analisado pela pesquisa, satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) capturaram 104,6 mil focos de calor na floresta amazônica. No mesmo período, em 2023, foram 57,9 mil.
Este ano, registramos ainda mais problemas de aquecimento global e seca extrema na Amazônia, como rios com níveis extremamente baixos, nunca registrados antes, fumaça e pouca chuva.
Quando comparada com 2023, a seca trouxe ainda mais danos, em grande parte devido ao maior número de incêndios incontroláveis na região, nem todos associados ao desmatamento.
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Mais dados da pesquisa sobre degradação da Amazônia
- No período analisado pelo Imazon, o mês de setembro foi marcado por uma verdadeira explosão de áreas degradadas;
- Dos 26.246 km² degradados em 2024, 20.238 km² foram registrados em setembro;
- No nono mês do ano, o Estado do Pará é o que apresenta maior degradação, com mais da metade da área. Dos dez municípios que mais sofrem com a situação, sete estão no Pará, principalmente São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte e Novo Progresso, onde predominam a grilagem de terras, o desmatamento, as queimadas e o garimpo ilegal de ouro;
- No Estado, as unidades de conservação APA Triunfo do Xingu, Floresta Nacional do Jamanxim, APA do Tapajós e Floresta Nacional de Altamira e as terras indígenas Kayapó e Xicrin do Cateté possuem as áreas mais degradadas da Amazônia;
- Kayapó, localizado no sul do Pará, por exemplo, possui a maior área explorada pelo garimpo ilegal entre todos os territórios tradicionais do país, tendo sofrido com diversas queimadas, que podem ter ligação direta com a exploração ilegal;
- Depois do Pará, o ranking de degradação, em setembro, inclui Mato Grosso (25%), Rondônia (10%) e Amazonas (7%);
- O recorde anterior foi registrado entre janeiro e setembro de 2022, último ano do governo anterior, com 6.869 km² de áreas degradadas;
- A ONG destaca que a degradação está diretamente ligada ao fogo.
Além desses dados, a pesquisa mostra também que houve aumento do desmatamento na Amazônia, com quatro meses consecutivos de aumento do desmatamento. Em setembro, houve ligeiro aumento em relação ao mesmo mês de 2023, com 547 km² de área desmatada.
Entre janeiro e setembro, houve perda recorde de 3.071 km², menos que no mesmo período de 2023. Grande parte do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou próprias.
O principal indicador do desmatamento na floresta amazônica é do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), do INPE, e utiliza dados consolidados.
Entre agosto de 2022 e julho de 2023, houve queda de 21% no desmatamento em relação ao período anterior, totalizando 9.064 km².
Abaixo, veja a área total degradada da Amazônia entre janeiro e setembro (anualmente, em km²), segundo o Imazon:
- 2009: 1.932;
- 2010: 3.044;
- 2011: 3.910;
- 2012: 967;
- 2013: 656;
- 2014: 1.473;
- 2015: 1.638;
- 2016: 6.750;
- 2017: 4.032;
- 2018: 892;
- 2019: 2.553;
- 2020: 4.506;
- 2021: 1.588;
- 2022: 6.869;
- 2023: 1.922;
- 2024: 26.246.
O que dizem o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA) e o governo do Pará
O Olhar Digital questionou o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA) e o governo do Estado do Pará sobre a pesquisa do Imazon e aguarda resposta.
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