Hubble e Chandra podem escapar da “foice” da NASA

outubro 30, 2024
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Hubble e Chandra podem escapar da “foice” da NASA


No início do ano, Olhar Digital relataram que a NASA pretende reduzir gradualmente o financiamento para duas missões importantes: o Observatório de raios X Chandra e o Telescópio Espacial Hubble. Mas, ao que parece, isso pode mudar.

A decisão de corte está ligada à estagnação do financiamento atribuído pelo governo norte-americano ao setor espacial, que para 2025 será mantido em 25,38 mil milhões de dólares – o mesmo valor dos últimos anos. Embora significativo, este montante representa apenas 0,4% do orçamento dos EUA. Em comparação, para cada US$ 100 que o governo gasta, apenas 34 centavos são alocados à NASA, enquanto a defesa recebe mais de US$ 12.

Representação artística do Observatório de Raios-X Chandra da NASA. Crédito: NASA

O número de missões espaciais continua a crescer e, com ele, a procura de investimento. Assim, a agência enfrenta a necessidade de priorizar projetos, o que acaba provocando cortes em algumas de suas missões mais icônicas.

Em relação ao Chandra, a proposta inicial reduz o orçamento de US$ 41,1 milhões em 2025 para US$ 26,6 milhões em 2026. No caso do Hubble, está prevista uma redução de 5% para o próximo ano, com novos cortes ao longo dos anos seguintes.

NASA deve aguardar formalização do orçamento de 2025

De acordo com o site Espaço.comaté o momento, nenhuma decisão final foi tomada e há especulações de que a NASA esteja atrasando a confirmação oficial do orçamento até 2025. Enquanto isso, tanto o Hubble quanto o Chandra, parte do programa Grandes Observatórios, permanecem em plena operação científica, embora tenham sido divulgados em 1990 e 1999, respectivamente.

Diante deste cenário, a NASA convocou a Operations Paradigm Shift Review (OPCR), um painel independente de astrônomos que avaliou o impacto dessas reduções. A conclusão foi desanimadora: com o orçamento proposto, o Chandra não conseguiria manter suas operações, encerrando sua missão.

Embora outros telescópios de raios X, como o NuSTAR e o NICER, estejam disponíveis, eles não têm a mesma resolução e sensibilidade que o Chandra. Além disso, não há planos imediatos para uma missão substituta. Há expectativas para uma nova classe de missões no valor de alguns milhares de milhões de dólares para telescópios de raios X, mas esta iniciativa ainda está na sua fase embrionária.

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Em um carta abertaDavid Pooley, pesquisador da Trinity University, no Texas, e presidente do Comitê de Usuários do Chandra, criticou duramente a decisão de cortar recursos. “O Chandra tem um desempenho excepcionalmente bom e continua a produzir ciência de ponta. Oferece capacidades únicas que não serão substituídas por outro telescópio americano nas próximas décadas”, disse o astrônomo, destacando a importância do observatório para a pesquisa astrofísica.

O futuro destas missões permanece incerto, em parte devido ao cenário eleitoral nos EUA, que tem trazido maior cautela nas decisões orçamentais governamentais. Sem uma definição, a NASA opta por esperar até que o seu orçamento seja consolidado.

A redução do investimento pode afetar a capacidade científica do Hubble

A operação do Hubble, embora não corra risco imediato, também poderá ser fortemente impactada. A proposta de redução de investimentos apresentada afetaria a sua capacidade científica. Entre as opções para implementar este corte, o OPCR sugere diminuir o financiamento para os astrónomos, limitar até cinco dos nove modos de observação – incluindo capacidades ultravioleta e infravermelha – ou cortar custos operacionais, o que resultaria em despedimentos.

Embora o Telescópio Espacial James Webb (JWST) cubra a faixa infravermelha, o Hubble ainda é essencial para a observação ultravioleta, já que a NASA atualmente não tem outra missão UV dedicada, com o UltraViolet Explorer (UVEX) programado apenas para 2030.

Tendo trabalhado para a NASA no espaço durante quase 35 anos, o Telescópio Hubble pode ter o seu orçamento reduzido. Crédito: NASA

Os cortes nos modos de observação ou no pessoal podem prejudicar a capacidade do Hubble de responder a potenciais problemas, reduzindo ainda mais o tempo dedicado à investigação científica. No caso do Chandra, se a operação se restringir à observação de eventos transitórios e à colaboração com outros observatórios, a economia seria de aproximadamente US$ 20 milhões, mas o tempo de observação seria reduzido pela metade, comprometendo seu impacto.

A possibilidade de novos recursos para a NASA é incerta, mas ajustes internos no orçamento de outras áreas da agência seriam outra solução – embora improvável, pelos possíveis conflitos que esta escolha geraria entre missões.

Em 2025, Chandra e Hubble enfrentam uma trajetória sombria, com destino ainda indefinido. Pooley destaca a importância destes observatórios, chamando-os de “tesouros nacionais”, e alertando para o risco de perder estas valiosas ferramentas científicas num contexto de contenção de custos.





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