Colapso da corrente do Atlântico representaria o fim da Amazônia

novembro 1, 2024
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Colapso da corrente do Atlântico representaria o fim da Amazônia


Os cientistas têm alertado sobre o possível colapso do sistema de correntes do oceano Atlântico. Isto ameaçaria o equilíbrio climático da Terra, com consequências drásticas para o transporte de calor e a distribuição das chuvas em grande parte do planeta.

Mas algumas regiões podem ser mais afetadas. Na Amazônia, por exemplo, esse fenômeno pode causar um colapso irreversível da cobertura florestal, reduzindo significativamente a rica biodiversidade presente na área.

Fenômeno mudaria regime de chuvas na floresta

  • Um novo estudo liderado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista Geociências da Natureza ressalta que as mudanças climáticas desencadeadas pelo enfraquecimento da Célula de Viragem Atlântico Sul, somadas às alterações no uso do solo ligadas ao desmatamento, trariam danos irreversíveis ao bioma.
  • Isso porque as áreas que, teoricamente, se beneficiariam com o aumento da precipitação são justamente aquelas onde a floresta já foi mais desmatada (no sul e no leste do bioma).
  • Por outro lado, as áreas hoje preservadas no norte da região seriam fortemente impactadas pela redução das chuvas.
  • Os pesquisadores analisaram vestígios de pólen e microchar preservados em sedimentos marinhos que representam o que corria pela foz do rio Amazonas há milhares de anos, incluindo um período em que a grande circulação atlântica foi temporariamente interrompida por processos climáticos e oceanográficos associados ao fim do a Amazônia. era do gelo.
Representação artística da Circulação Meridional do Atlântico (Imagem: NASA)

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Pesquisadores analisaram o passado da região e fizeram previsões assustadoras

A equipe usou esse registro histórico para entender o que aconteceu com a floresta amazônica em dois momentos fundamentais: o Último Máximo Glacial, entre 23 mil e 19 mil anos atrás (quando cerca de 8% da superfície do planeta ficou coberta de gelo), e um período de aquecimento. que se seguiu logo depois (entre 18.000 e 14.800 anos atrás), em que o derretimento das geleiras no Hemisfério Norte injetou uma imensa quantidade de água doce no Oceano Atlântico, causando um colapso temporário da Célula de Viragem Sul do Atlântico.

A análise do material indica que a cobertura florestal da Amazônia passou por transformações importantes nesses dois períodos. Durante o Último Máximo Glacial, segundo os pesquisadores, houve uma expansão de espécies de ecossistemas montanhosos (mais adaptados às baixas temperaturas do período) dos Andes e das Guianas para as terras baixas da Amazônia, onde espécies com características quentes e o clima úmido anteriormente predominava.

Imagem mostra região da floresta amazônica, iluminada pelo pôr do sol, com árvores e neblina ao fundo
Cientistas alertam sobre possíveis impactos na Amazônia (Imagem: streetflash/Shutterstock)

No período subsequente, as coisas ficaram mais complicadas. Com o fim da era glacial, a temperatura voltou a subir, empurrando a vegetação montana de volta ao topo das montanhas e abrindo espaço para a vegetação tropical recuperar as terras baixas da Amazônia. Ao mesmo tempo, porém, o colapso das correntes oceânicas provocou um deslocamento do “cinturão tropical” de chuvas para o sul da Amazônia, deixando a porção norte do bioma desidratada.

Não foi uma “savanização” completa, mas a floresta ficou muito mais seca, revelou o estudo. O problema é que desta vez os impactos poderão ser muito maiores devido às alterações climáticas provocadas pelo homem.





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