Astrofísica avança com aglomerados globulares em 3D

novembro 5, 2024
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Astrofísica avança com aglomerados globulares em 3D


Um estudo publicado este mês na revista Astronomia e Astrofísica avança significativamente a compreensão da formação e evolução de populações estelares em aglomerados globulares.

Conduzido por investigadores do Instituto Nacional Italiano de Astrofísica (INAF), da Universidade de Bolonha e da Universidade de Indiana, nos EUA, este é o primeiro trabalho a realizar uma análise cinemática 3D de 16 aglomerados globulares da Via Láctea, revelando como as estrelas mover-se dentro dessas estruturas.

Os resultados indicam que estes aglomerados foram formados através de múltiplos eventos de formação estelar, o que é fundamental para a compreensão da sua evolução dinâmica ao longo do tempo. A pesquisa utilizou uma abordagem multidimensional, combinando observações de última geração com simulações dinâmicas.

Em um declaraçãoEmanuele Dalessandro, autor principal do estudo e investigador do INAF, destaca que “compreender os processos físicos por trás da formação e evolução inicial dos aglomerados globulares é uma das questões astrofísicas mais fascinantes e debatidas dos últimos 20 a 25 anos”.

Galeria de imagens dos 16 aglomerados globulares analisados ​​em ordem de diferença nas propriedades cinemáticas observadas entre as múltiplas populações estelares. Crédito: ESA/Hubble – ESO – SDSS

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O que são aglomerados globulares

Os aglomerados globulares, que podem ter entre 12 e 13 mil milhões de anos, são um dos primeiros sistemas a formar-se no Universo, representando uma população típica de galáxias. Com massas que variam de centenas a milhares de massas solares e dimensões de alguns parsecs, são visíveis mesmo em galáxias distantes.

Dalessandro enfatiza a importância astrofísica desses aglomerados, que não apenas testam modelos cosmológicos, mas também servem como laboratórios naturais para estudar a formação e evolução das galáxias.

Esses sistemas contêm mais de uma população estelar: uma primordial, com propriedades químicas semelhantes às estrelas da galáxia, e outra com composições químicas anômalas em elementos como hélio e oxigênio, segundo Mario Cadelano, pesquisador da Universidade de Bolonha e coautor do estudo. Contudo, os mecanismos que regulam esta formação ainda não são claros.

A análise baseou-se na medição de velocidades 3D, combinando movimentos próprios e velocidades radiais, utilizando dados do telescópio Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA) e do VLT do Observatório Europeu do Sul (ESO). Esta combinação ofereceu uma visão sem precedentes da cinemática estelar.

Representação artística do satélite Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA), que forneceu dados para a investigação. Crédito: Ccarreau – ESA

O estudo revelou que estrelas com diferentes abundâncias químicas exibem propriedades cinemáticas distintas, como velocidades de rotação variadas.

Alessandro Della Croce, aluno de doutorado do INAF, explica que a pesquisa analisou o movimento de milhares de estrelas em cada aglomerado. Os dados mostraram que estrelas com composições químicas anômalas tendem a girar mais rápido e a se dispersar das regiões centrais para as externas.

Estas diferenças cinemáticas refletem a idade dinâmica dos aglomerados, indicando que estrelas com diferentes composições químicas se formaram em diferentes locais dentro dos aglomerados.

As descobertas contribuem para a compreensão dos processos físicos e escalas de tempo na formação e evolução de estruturas estelares massivas. Esta nova perspectiva 3D oferece uma compreensão mais profunda da dinâmica destes intrigantes sistemas estelares, ajudando a elucidar mistérios sobre as suas origens.





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