A poluição por metais é uma das maiores ameaças à biodiversidade marinha. Cientistas do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) realizaram uma série de investigações sobre os efeitos tóxicos de diferentes substâncias e como misturá-las pode ser ainda mais perigosa para os organismos que vivem no oceano.
Os resultados deste estudo foram divulgados recentemente em três pesquisas diferentes:
- O primeiro avaliou os efeitos tóxicos da mistura de metais presentes no oceano sobre um tipo de zooplâncton.
- Verificou-se que o impacto da combinação de substâncias era suficientemente preocupante para justificar a revisão dos actuais limites legais para metais na água.
- Os outros dois estudos investigaram os efeitos dos metais em uma espécie de microalga.
- Ambos mostraram que as substâncias podem causar danos ao metabolismo e ao desenvolvimento do organismo.
Em um dos estudos, publicado na revista Boletim de Poluição Marinhapesquisadores analisaram as reações entre 21 misturas homogêneas dos metais arsênico, cádmio, cobre, ferro, mercúrio, chumbo e zinco e como essas novas substâncias afetam as colônias de um organismo chamado Proales similisuma espécie de animal microscópico que faz parte do zooplâncton.
Quando analisadas utilizando o modelo de interpretação de dados TU50, 20 das 21 misturas “sinérgicas” – isto é, tendo um efeito mais forte quando juntas do que quando separadas – mostraram um impacto amplificado. Posteriormente, uma ferramenta mais robusta, chamada MIXTOX, identificou sinergismo em 13 das 21 combinações de metais.
Esses dados, segundo os pesquisadores, mostram que os atuais limites legais para a presença de cada metal na água precisam ser revistos, pois a mistura de substâncias aumenta seus efeitos tóxicos.
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Os cientistas também investigaram o impacto das nanopartículas de tungstato de zinco (um material semicondutor) em uma microalga chamada Raphidocelis subcapitata. Os resultados mostraram que a substância é tóxica para as algas e pode afetar o seu crescimento.
A descoberta destaca a importância do monitoramento da presença desse material em ambientes aquáticos, pois ele também é utilizado para limpeza de áreas contaminadas.
Além disso, outro estudo analisou como os metais cobalto e níquel afetam as mesmas microalgas. Sozinhos, os metais alteraram o metabolismo das algas. Mas, quando combinados, seus efeitos variaram: em algumas doses, os metais agiram sinergicamente, ou seja, juntos causaram mais danos.
As conclusões dos estudos foram publicadas, respectivamente, nas revistas Quimosfera e Ecotoxicologia.
Um grupo de cientistas do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP explica ao portal de informações da fundação que ainda são necessários novos estudos para compreender a extensão do impacto da combinação de metais nos organismos marinhos.
Reforçam ainda que as descobertas sobre as microalgas são um alerta. Esses organismos são muito sensíveis aos poluentes e estão na base da cadeia alimentar, o que significa que qualquer dano a eles pode afetar outros seres vivos.
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