Mistério de 3 mil anos das múmias é revelado após tomografia

novembro 17, 2024
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Mistério de 3 mil anos das múmias é revelado após tomografia


Encontrar múmias preservadas é um grande desafio na arqueologia. Mas mais difícil do que isso é poder examinar esses espécimes sem destruí-los. Portanto, cientistas de Museu do Campode Chicago, nos Estados Unidos, utilizou uma técnica hoje muito utilizada para examinar vivos: a tomografia.

A técnica foi escolhida porque poderia revelar detalhes sobre o processo de mumificação sem a necessidade de retirar nenhuma parte dos tecidos que recobrem o cadáver. Os pesquisadores analisaram 26 múmias expostas no museu e conseguiram construir imagens 3D das tumbas e dos artefatos dentro delas.

Segundo cientistas em entrevista ao CNNa análise está trazendo novos insights sobre o modo de vida (ou morte) dos egípcios há mais de 3 mil anos. O processo de estudo, porém, está apenas começando, pois tudo começou em setembro e a expectativa é que demore cerca de 3 anos para que todos os dados sejam estudados.

“Do ponto de vista arqueológico, é incrivelmente raro você investigar ou ver a história da perspectiva de um único indivíduo”, disse Stacy Drake, gerente de coleções de restos mortais do Field Museum, ao canal. “Esta é uma ótima maneira de vermos quem eram essas pessoas – não apenas as coisas que fizeram e as histórias que inventamos sobre elas, mas os indivíduos reais que viviam naquela época.”

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Por que os corpos se tornaram múmias?

A transformação de cadáveres em múmias era principalmente um processo religioso, pois os egípcios acreditavam que os corpos que passavam para a vida após a morte precisavam permanecer preservados.

Mas apesar dos conceitos religiosos, o processo de mumificação também envolveu muita ciência. Estudos indicam que o procedimento durou cerca de 70 dias e incluiu a retirada de quase todos os órgãos do corpo. A única parte interna que foi mantida foi o coração, pois acreditavam que o órgão abrigava a alma.

Pesquisadores do Field Museum escaneiam um indivíduo mumificado exibido na exposição “Inside Ancient Egypt” (Imagem: Morgan Clark/Field Museum)

Após a remoção, os egípcios aplicavam sal no corpo para secá-lo e usavam lençóis para cobri-lo. Naquela época também era comum que nestes tecidos fossem escritas mensagens e orações e também pudessem ser colocados alguns amuletos. Esta foi a parte final da mumificação.

Normalmente, os órgãos removidos eram colocados em potes, mas a tomografia computadorizada revelou que em alguns casos eles estavam acondicionados dentro do corpo da múmia.

Mistério de 3.000 anos revelado

A múmia que mais intrigou os cientistas foi a de Lady Chenet-aa, que viveu há cerca de 3 mil anos. A pesquisa conseguiu responder que a mulher morreu entre 30 e 40 anos e comia alimentos com grãos de areia.

O cadáver tinha “novos olhos” e acolchoamento na traqueia para manter o pescoço aberto. Isso fazia parte do ritual, pois o morto precisava estar completo para levar tudo para o além.

“Se você quer olhos, então precisa haver olhos físicos, ou pelo menos alguma alusão física aos olhos. Eles vão colocar uma prótese em você para garantir que você tenha tudo o que precisa quando for para a vida após a morte”, disse JP Brown, conservador sênior de antropologia do museu.

As varreduras 3D permitem aos pesquisadores uma visão única do interior do caixão de Lady Chenet-aa (Imagem: Field Museum)

O maior mistério dessa múmia, porém, é o seu processo de preparo, pois ela foi embrulhada em pedaços de linho antes de ser colocada em um caixão. Mas não havia costuras visíveis na caixa que explicassem como ela foi parar ali. A única abertura fica nos pés e foi considerada pequena demais para caber o cadáver.

As novas digitalizações revelaram pela primeira vez a parte inferior do objeto, mostrando que a caixa foi essencialmente fechada na parte traseira antes de ser rebocada para criar uma estética perfeita, disse Brown.

Basicamente, os embalsamadores molham a caixa e moldam-na ao redor do corpo. Uma fenda foi feita na parte de trás da caixa para que o corpo pudesse ser colocado dentro, e então ela foi fechada e amarrada. Tudo isso antes de enfeites e desenhos serem adicionados à parte externa da embalagem.

“Uma das grandes coisas para esses antigos egípcios é como você continua a viver após a morte. E isso faz parte da história e da jornada dele”, finalizou Drake.





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