Rochas que guardam água podem desvendar passado da Terra

novembro 18, 2024
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Rochas que guardam água podem desvendar passado da Terra


Observe a rocha peculiar presente na imagem que abre este texto. É um exemplo fascinante de fenômeno geológico natural, que combina três estados da matéria em um único mineral: um exterior sólido, um conteúdo semilíquido e até uma bolha de gás, tudo encapsulado dentro de um cristal de quartzo.

Essas rochas com bolsas de líquido se originam quando os minerais retêm fluidos durante o processo de formação. Dependendo das características desses fluidos internos, as rochas são classificadas em três tipos principais.

Cristal de ametista polido contendo bolsa de líquido em seu interior. Crédito: Reprodução/Redes Sociais

Resumindo:

  • Algumas rochas com milhões de anos combinam três estados da matéria num único mineral: sólido, líquido e gasoso;
  • São divididas em três tipos: enidratadas, ágatas enidratadas e inclusões fluidas;
  • Anidro são nódulos de calcedônia com água retida;
  • As ágatas enhidro são uma variação que pode conter antigas formas de vida microscópicas;
  • Rochas com inclusões fluidas preservam água até três bilhões de anos.

Veja abaixo mais detalhes sobre cada um desses impressionantes minerais, que carregam informações preciosas sobre o passado geológico da Terra:

Anidros: as rochas que armazenam água

Anidrums são nódulos ocos, geralmente calcedônia, contendo água. Este tipo de rocha se forma quando águas subterrâneas ricas em sílica circulam através da rocha e criam camadas de quartzo.

Segundo o geólogo Julian Gray, em um artigo para a Sociedade Mineral da Geórgia (EUA), se houver um buraco, o nódulo vira um geodo, mas se a água ficar presa, forma-se o enidron.

Embora as rochas possam ter se formado há milhares ou milhões de anos, o líquido dentro delas não é necessariamente tão antigo, pois são porosas e permitem a troca de água com o meio ambiente.

Leia mais:

Uma variação chamada enhidroágatas

As ágatas enhidro são uma variação da calcedônia formada em rochas vulcânicas, nas quais o fluido fica preso dentro de bolhas. Eles podem ser muito antigos, com alguns exemplos no Brasil datando de 40 milhões a 60 milhões de anos.

Especialistas analisaram alguns desses minerais encontrados aqui para ver se poderiam conter microorganismos, considerando que a água subterrânea neles preservada costuma abrigar formas de vida microscópicas.

Ágata Enhydro, uma câmara secreta de água. Crédito: Verity Woolf, da coleção de Jo Woolf, via A aveleira

Em um artigo publicado em 2014eles revelam que, ao perfurar as pedras para acessar o fluido, encontraram ao microscópio formas semelhantes a células, como diplococos e bacilos, que se moviam de forma irregular, sugerindo atividade bacteriana, e não apenas o movimento aleatório de partículas.

Inclusões fluidas

Os cristais em desenvolvimento podem formar pequenas cavidades, que se enchem de líquido antes de serem seladas por uma nova camada mineral. Quando o cristal esfria, o líquido dentro dessas cavidades tende a se contrair, criando bolhas que se movem quando o cristal é inclinado. Este fenómeno resulta em inclusões fluidas: cápsulas naturais que contêm água que pode ter milhões de anos.

Uma ametista com inclusão fluida proeminente. Crédito: Powers Joias Artesanais

Como destaca o site IFL Ciênciaessas inclusões fluidas são consideradas preciosas cápsulas do tempo geoquímicas. A água dentro deles pode ter ficado presa durante o crescimento dos cristais e, em alguns casos, ter mais de três bilhões de anos. Isto torna estas rochas uma valiosa ferramenta de investigação que pode oferecer uma visão única das condições da Terra primitiva.





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