Você se lembra da quantidade de ondas de calor que passaram pelo Brasil este ano? Perdi a conta… Só sei que foram vários – e a situação parece ter sido pior onde moro, em São Paulo.
É claro que as capitais do Nordeste ou Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, continuam mais quentes que aqui. Mas, se fizermos uma comparação histórica, a amplitude térmica na capital paulista era maior, já que aqui antes era mais frio.
Outro fator que influencia muito é o ambiente urbano. Materiais como concreto e asfalto absorvem e irradiam calor. Veículos e aparelhos de ar condicionado, por sua vez, expelem calor. Prédios altos bloqueiam o fluxo do vento. O resultado disso é uma espécie de sauna natural.
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O nome técnico é ilha de calor. E é assim em todo o mundo: os grandes centros urbanos e as cidades densamente povoadas são as que mais sofrem com as alterações climáticas. Seja no Brasil, na Europa ou nos Estados Unidos.
Chicago, por exemplo, tem um histórico de mortes ligadas a ondas de calor. Diante disso, as autoridades estão tentando implementar medidas para resfriar as cidades. Uma delas foi instalar telhados verdes em pelo menos 500 edifícios. A vegetação libera vapor de água refrescante e atua como isolamento natural da construção.
Também nos EUA, Los Angeles aplicou outra ideia. O governo local decidiu pintar as estradas de algumas de suas rodovias com um material que refletisse o sol.
Falta de dados científicos
- Eu poderia listar várias boas ideias ao redor do mundo para tentar refrescar cidades quentes.
- O problema, porém, não são as iniciativas em si – ou a falta delas – mas sim a falta de controle sobre quais locais precisariam desse tipo de ação.
- São Paulo, por exemplo, tem gigantescos 1.523 km² de extensão.
- Você não pode plantar árvores em cima de todos os prédios da metrópole.
- E nem os cientistas nem os governantes têm ideia de quais regiões, áreas e ruas mais necessitam deste tipo de intervenção.
- É justamente nesta lacuna que a empresa QuarentaGuarda atos.
- A startup nasceu em Abu Dhabi, metrópole que sofre regularmente com ondas de calor.
- Inicialmente, a empresa queria vender um tipo de asfalto que absorvesse menos calor.
- Ao longo do caminho, porém, perceberam que o principal problema é identificar os locais que mais precisam de ajuda.
Ajuda de IA
Os satélites meteorológicos podem cobrir áreas amplas, mas não fornecem informações detalhadas sobre pontos críticos em uma vizinhança, por exemplo. Sem contar que árvores e prédios altos podem bloquear o sinal desses aparelhos – que, às vezes, não conseguem medir a temperatura real ao nível do solo.
FortyGuard funciona coletando bilhões de pontos de dados de fornecedores terceirizados. A partir disso, utilizam Inteligência Artificial para produzir modelos que levam em conta variáveis que impactam na sensação térmica, como a elevação de uma cidade, a vegetação e as condições atmosféricas, como a presença de nuvens. Isto mostra um cenário ainda mais realista sobre a temperatura em áreas específicas de uma cidade.
A FortyGuard oferece consultoria e recentemente trabalhou com clientes como “Masdar City”, uma cidade experimental sustentável nos Emirados Árabes Unidos. Os analistas da startup sugeriram aos proprietários do local os locais ideais para plantar árvores e instalar fontes de água – para amenizar o ressecamento.
A ideia é que a FortyGuard possa, um dia, oferecer esse tipo de serviço em todo o mundo, além de formar parcerias com outras plataformas existentes, como uma imobiliária ou uma empresa de mapeamento. Isso poderia permitir que os compradores de casas descobrissem o bairro menos quente de uma cidade ou que os corredores determinassem o melhor caminho para uma corrida matinal.
Isso também seria de grande valia para os gestores públicos, que poderiam tomar decisões sobre a cidade com base em dados científicos.
As informações são de CNN Internacional.
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