50 anos da descoberta que revolucionou a evolução humana

novembro 24, 2024
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50 anos da descoberta que revolucionou a evolução humana


Há meio século, uma descoberta na Etiópia reescreveu os capítulos da evolução humana. Até então, acreditava-se que nossos ancestrais evoluíram de forma linear: ficaram mais altos, ganharam cérebros maiores e aprenderam a andar sobre duas pernas, culminando na Homo sapiens.

Esta visão simplista foi popularizada por imagens como a “Marcha do Progresso”, que mostrava uma evolução contínua dos macacos aos humanos modernos. Porém, em 24 de novembro de 1974, um esqueleto de 3,2 milhões de anos apareceu para desafiar esse conceito, sendo chamado de Lucy.

Parte do esqueleto reconstruído de Lucy, em exibição no Museu de História Natural de Cleveland em 2006. Crédito: James St.

A pesquisa liderada pelo paleoantropólogo Donald Johanson foi descrita em um artigo publicado em 1978trazendo detalhes que transformaram nossa compreensão de como nos tornamos humanos.

O joelho que mudou tudo

Quando Johanson encontrou os ossos de Lucy, eles pareciam normais a princípio. No entanto, o formato do joelho era surpreendente, sugerindo que Lucy andava ereta, como os humanos modernos. Até então, acreditava-se que o bipedalismo só havia surgido com cérebros maiores.

“Isso mostrou, sem dúvida, que ela andava ereta. Foi um divisor de águas para a nossa compreensão da evolução humana”, disse Johanson ao site alemão. DW. Segundo ele, o fato de Lucy ter um cérebro pequeno, semelhante ao de um chimpanzé, desmentiu a ideia de que andar ereto e o aumento da inteligência surgiram simultaneamente.

“Lucy solidificou o argumento de que nossos ancestrais aprenderam a andar antes de desenvolverem cérebros grandes e habilidades cognitivas mais avançadas”, disse o paleoantropólogo.

Reconstrução da aparência e do esqueleto de Lucy, uma mulher pré-histórica que viveu há 3,2 milhões de anos. Créditos: Museu de História Natural de Cleveland

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A evolução humana é como uma árvore ou um rio

A descoberta de Lucy também desafiou a ideia de que a evolução humana era uma linha reta. Hoje, os cientistas comparam este processo a uma “árvore espessa”, com muitos ramos representando espécies diferentes. Alguns desses ramos cresceram e evoluíram, enquanto outros foram eliminados pela extinção.

Uma metáfora alternativa, proposta pelo paleoantropólogo Andy Herries, é a de um “rio trançado”, no qual as primeiras populações humanas cruzaram, evoluíram ou desapareceram. Esta abordagem explica fenômenos como o cruzamento entre Homo sapiens e Neandertais e a extinção de espécies como Homofloresiensisque habitou a Indonésia até cerca de 50 mil anos atrás.

Donald Johanson, responsável pela descoberta de Lucy, batizada em homenagem à música dos Beatles “Lucy in the Sky with Diamonds”, de 1967, que era tocada alto e repetidamente no acampamento da expedição. Crédito: Instituto de Origens Humanas/Universidade Estadual do Arizona

Sobre Lucy, o fóssil mais famoso do mundo:

  • A espécie foi classificada como Australopithecus afarensisuma homenagem ao povo Afar da região onde foi encontrado;
  • Embora provavelmente não seja o nosso antepassado direto, a sua descoberta foi crucial para revelar a complexidade da evolução humana;
  • O legado de Lucy também ajudou a identificar outras espécies primitivas que coexistiram há cerca de três milhões de anos.

Apesar das lacunas que ainda existem na história, cada novo fóssil encontrado amplia o nosso conhecimento de como nos tornamos Homo sapiens. Para Johanson, Lucy é um símbolo dessa busca. “Tornou-se um mascote da evolução, ajudando a construir uma visão mais rica e detalhada das nossas origens.”





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