O supercomputador Frontier, localizado no Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos, alcançou um marco científico ao realizar a maior e mais complexa simulação do universo até hoje. Desenvolvido como o primeiro supercomputador em exaescala, o Frontier é capaz de realizar até 1,1 quintilhão (10¹⁸) de operações de ponto flutuante por segundo.
O aparelho, composto por 9.472 CPUs e 37.888 GPUs da AMD, foi superado em novembro de 2024 pelo El Capitan, com capacidade de 1.742 exaFLOPS, mas mantém seu papel central no avanço tecnológico.
A simulação realizada na Frontier foi projetada para investigar a “hidrodinâmica cosmológica”, modelando a evolução do universo com um nível de detalhe sem precedentes. Usando o Código de Cosmologia Acelerado por Hardware/Híbrido (HACC), desenvolvido há 15 anos pelo Departamento de Energia dos EUA, os pesquisadores adaptaram o código para aproveitar o desempenho máximo do Frontier.
Computação de petaescala para exaescala
- O HACC já foi utilizado em supercomputadores em petaescala, como o Summit, que liderou o ranking global entre 2018 e 2020.
- Na Summit, os cientistas simularam três modelos cosmológicos baseados no Modelo Padrão da cosmologia e suas variações, incluindo forças gravitacionais e o impacto da energia escura variável.
- Apesar dos resultados inovadores, estas simulações não conseguiram incluir forças além da gravidade.
- Com o Frontier, financiado pelo projeto ExaSky de US$ 1,8 bilhão do Departamento de Energia dos EUA, o HACC superou as expectativas ao ser 300 vezes mais rápido que seu desempenho no supercomputador Titan de 2012.
- A nova capacidade permitiu incorporar fenômenos como gás quente, formação de estrelas, buracos negros e galáxias, proporcionando o que os pesquisadores chamam de “hidrodinâmica cosmológica”.
Avanços científicos e impactos da simulação com o supercomputador Frontier
Bronson Messer, diretor de ciência do Oak Ridge Leadership Computing Facility, destacou que as simulações na Frontier trazem realismo físico, integrando a dinâmica da matéria bariônica, que representa menos de 5% do universo conhecido. Estas simulações estão sendo disponibilizadas à comunidade astronômica, permitindo investigações sobre matéria escura, energia escura e até modelos gravitacionais alternativos, como a Dinâmica Newtoniana Modificada (MOND).
Os resultados também serão comparados com levantamentos astronômicos reais, como os realizados pelo Observatório Vera C. Rubin, no Chile, ajudando a validar ou refutar modelos cosmológicos. Segundo Salman Habib, diretor da divisão de ciência computacional do Laboratório Nacional de Argonne, essas simulações abrem portas para a exploração do universo em escalas temporais e espaciais que antes eram inimagináveis.
Reflexões filosóficas
O constante avanço do poder da computação levanta questões intrigantes sobre o limite da simulação do universo. Alguns cientistas especulam que podemos estar a viver numa simulação, possivelmente criada como parte de uma experiência para modelar a realidade.
Se isto for verdade, criar simulações dentro de uma simulação seria um paradoxo fascinante, sugerindo uma cadeia infinita de simulações.
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