as mudanças climáticas de 2024

dezembro 28, 2024
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as mudanças climáticas de 2024


A Terra havia registrado o ano mais quente de sua história em 2023, mas o recorde será superado novamente em 2024. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) indicou uma probabilidade superior a 99% de que este ano supere o recorde do ano passado, com quase todos os continentes (com exceção da Ásia) tendo o ano mais quente já visto oficialmente.

O aquecimento superou as previsões anteriores, revelando uma realidade preocupante: o aumento das temperaturas não foi um efeito temporário do El Niño. Na verdade, sugerem uma aceleração contínua do aquecimento global e das alterações climáticas – o que é pouco provável que pare por aí.

Para piorar a situação, o limite de 1,5ºC nos níveis pré-industriais já foi ultrapassado e os investigadores temem que não seja possível voltar atrás. As consequências envolvem o agravamento da frequência e intensidade de fenómenos meteorológicos extremos (ou tragédias climáticas, como são popularmente chamadas este ano).

2023 bateu recordes de temperatura e 2024 deve repetir o feito (Imagem: simon jhuan/Shutterstock)

Eventos climáticos extremos se intensificarão em 2024

Vamos relembrar alguns dos acontecimentos de 2024.

Ondas de calor

Períodos com temperaturas acima da média são comuns no Brasil desde o início do ano. Isso não aconteceu só aqui: as ondas de calor também foram históricas nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia (leia mais aqui).

Furacões

A ocorrência destes fenómenos no Oceano Atlântico é comum, mas irá intensificar-se em 2024. A NOAA indicou que a temporada deste ano tem grandes probabilidades de estar “acima do normal”. Grandes exemplos foram os furacões Milton, Helene e Berry, que atingiram o nível 5 na escala de intensidade. Milton chegou a esta categoria em apenas algumas horas.

Chuvas no deserto

O Saara é o deserto mais quente do mundo. Mesmo assim, um ciclone extratropical fez com que chuvas equivalentes a mais de um ano chovessem na região em poucos dias, formando lagos onde, antes, havia apenas solo seco.

Inundações

Em abril, chuvas acima do esperado elevaram o nível do Rio Guaíba ao nível mais alto de todos os tempos, causando inundações drásticas no Rio Grande do Sul. Em novembro, a cidade de Valência, em Espanha, também registou precipitações recorde, provocando inundações sem precedentes.

Imagens de satélite registraram lagos no Saara (Imagem: Michala Garrison/NASA Earth Observatory)

Deslizamentos de terra

Como resultado das chuvas recordes, os deslizamentos de terra também se tornaram mais frequentes, com 679 ocorrências e 4.460 mortes.

Desertificação

A Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que metade das pastagens naturais do mundo já estão degradadas e sofrem algum tipo de desertificação. No Brasil, isso acontece na Caatinga e no campo, o que pode comprometer a biodiversidade local.

Secas

As secas prolongadas estão a afectar o mundo inteiro, do Brasil aos Estados Unidos e à África Subsariana. Aqui, vários estados enfrentaram a pior seca já registrada em mais de 40 anos.

Um dos principais afetados é a Amazônia, que, em novembro, atingiu o quinto mês consecutivo de seca severa.

Colapso das correntes marítimas

Os cientistas têm alertado para o colapso da principal corrente do Oceano Atlântico, um processo que se intensificou e pode ter atingido um ponto “sem volta” este ano. Os efeitos serão sentidos nas temperaturas globais e poderão até afetar a Amazônia.

A circulação meridional do Atlântico (AMOC) está em colapso (Crédito: NASA)

Por que isso está acontecendo?

A resposta direta é: mudanças climáticas. Porém, vale lembrar que muitos dos fenômenos que presenciamos este ano são naturais. O problema é simples: são cada vez mais frequentes e intensos.

A afirmação é do climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e copresidente do Painel Científico da Amazônia. As enchentes no Rio Grande do Sul e os furacões na América do Norte, por exemplo, são fenômenos que sempre existiram, mas que ganharam novas proporções com o aquecimento global.

[As enchentes no] No Rio Grande do Sul são fenômenos meteorológicos que sempre existiram, mas o aquecimento global criou um sistema de altas pressões na atmosfera, que permaneceu estacionário no Centro-Oeste e bloqueou a passagem de grandes frentes frias em maio. Este é um fenômeno que existe há milhões de anos. Mas agora, com o aquecimento global, com oceanos muito mais quentes e mais evaporação de água, estão a bater recordes. Estes são os principais impactos das alterações climáticas. Os furacões também sempre existiram no Atlântico Norte e Tropical, atingindo o Golfo do México e o sul dos Estados Unidos. Agora, com águas mais quentes, elas estão se tornando mais extremas.

Carlos Nobre

O futuro não parece tão positivo. Estudos já apontaram enchentes e secas recordes no Brasil, bem como temporadas de furacões mais extremas.

Furacão Milton visto da Estação Espacial Internacional
O furacão Milton foi um exemplo da intensidade da temporada de furacões de 2024: em poucas horas atingiu o nível 5 (Imagem: ISS)

O que podemos fazer para reduzir os efeitos das alterações climáticas?

Como informamos em Olhar Digitalas alterações climáticas já estão em curso. Agora, as iniciativas visam reduzir os seus efeitos e detê-los, na medida do possível (alguns investigadores acreditam que isso nem sequer é possível).

Para Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), coordenador do Centro de Estudos da Amazônia Sustentável da USP e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), há dois caminhos a serem seguidos. A primeira está na raiz do problema e envolve a redução das emissões de gases de efeito estufa, o fim da exploração de petróleo e o desmatamento de florestas tropicais, como a Amazônia. Segundo Artaxo, “sem isso, mais acontecimentos, mais extremos e mais intensos, ocorrerão no futuro”.

A segunda maneira é adaptar-se ao novo clima. Para ele, é preciso adequar as cidades e áreas rurais à incidência de eventos climáticos extremos, algo que está diretamente relacionado às emissões de gases.

Nesse sentido, o Brasil já está fazendo a lição de casa. Uma das mudanças citadas pelo professor é a redução significativa das queimadas na Amazônia de 2023 para 2024, algo que precisa continuar em 2025. A queda do desmatamento também precisa acontecer. No entanto, ele faz um alerta:

O Brasil pode fazer muito mais que isso. Basicamente, acelerar a transição energética para a utilização de energias limpas, como a energia eólica e solar, que também são oportunidades muito boas para o país se tornar líder mundial em energias renováveis.

Paulo Artaxó

Leia mais:

Quanto a Nobre, não há mais como reduzir rapidamente os efeitos climáticos extremos. Isto porque o principal gás com efeito de estufa, o carbono, permanece na atmosfera durante mais de um século. Por outras palavras, se reduzirmos as emissões agora, ainda serão necessários anos para ficarmos livres de carbono. Ele cita ainda o metano, que fica menos tempo na atmosfera, entre nove e 12 anos. No entanto, o gás provém principalmente da agricultura (além das fugas de gás natural e da decomposição de resíduos), algo que dificilmente irá parar.

O climatologista afirmou que “tudo isso vai acontecer, não tem outro jeito”. O caminho agora é analisar esses efeitos para entender as próximas ações, como acelerar ainda mais a redução das emissões.

Planeta Terra no topo de uma plataforma
Alguns pesquisadores prevêem que não será mais possível reverter a temperatura (Imagem: funstarts33/Shutterstock)

O clima em 2025

Artaxo acredita que os eventos climáticos extremos de 2025 serão difíceis de prever. Isso porque voltarão a acontecer, como aconteceu neste ano, mas com maior frequência e intensidade. Porém, não há data ou local premeditado, o que dificulta ainda mais as ações preventivas.

Pensando nisso, o professor afirma que o Brasil precisa criar uma agenda climática em antecipação a esses eventos, como, por exemplo, a criação de sistemas de defesa civil em cidades médias e grandes, e atendimento à população da Amazônia em tempos de grandes secas ou inundações. Em outras palavras, nos adaptamos para enfrentar o que vem a seguir.

Para Nobre, um dos eventos que está no “radar” para 2025 é o La Niña, que deve acontecer a qualquer momento. Segundo ele, isso poderia aumentar as chuvas e reduzir a seca histórica na Amazônia. Porém, do lado oposto, não deve esfriar tanto as temperaturas.

Outro problema previsto para 2025 são os incêndios florestais. Isso porque, em todo o mundo, esses eventos são causados ​​por descargas elétricas, que devem aumentar com o aumento das precipitações provocadas pelo La Niña e, consequentemente, o aumento das nuvens no céu. Porém, ele lembra que no Brasil o problema é diferente: aqui, a grande maioria dos incêndios é causada pela ação humana.





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