Um artigo publicado na revista Astronomia da natureza Nesta quarta-feira (29) revela que amostras do asteróide Bennu, coletadas pela missão Osiris-Rex da NASA, contêm matéria orgânica rica em amônia e nitrogênio. A descoberta reforça a teoria de que as rochas do espaço podem ter trazido os blocos fundamentais da vida à Terra por bilhões de anos.
Asteróides são corpos rochosos que percorrem o sistema solar e eventualmente caem na terra como meteoritos. Durante esse processo, eles podem acabar sendo contaminados por umidade e atmosfera, dificultando a análise de sua composição original.
Portanto, as amostras coletadas diretamente no espaço são fundamentais para entender a química desses objetos. Até agora, apenas o Japão e os Estados Unidos conseguiram trazer esse tipo de material à Terra.
Uma dessas missões foi Osiris-Rex, que retornou 121,6 gramas de Bennu em setembro de 2023-a maior amostra desse tipo já recuperou.
Todas as bases nitrogenadas que compõem o DNA estão presentes no asteróide de Bennu
A pesquisa recente revelou que Bennu contém todas as cinco bases nitrogenadas que compõem o DNA e o RNA: adenina, guanina, citosina, timina e uracila. Além disso, foram encontradas outras substâncias importantes, como xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3). Essas moléculas foram detectadas por cientistas japoneses que participaram da análise, fortalecendo a idéia de que os compostos de chave de vida podem ter atingido nosso planeta através de asteróides.
Para garantir que os resultados não fossem afetados pela contaminação terrestre, as amostras foram mantidas em um ambiente de nitrogênio. Uma pequena fração de 17,75 mg foi analisada na Universidade de Kyushu, no Japão, por meio de espectrometria de massa de alta resolução. A equipe de pesquisa inclui cientistas das universidades de Hokkaido, Kyushu, Tohoku e Keio, bem como o Instituto Jamstec e o Centro de Voo Espacial da NASA Goddard.
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Os resultados indicaram que o asteróide de bennu possui uma concentração de moléculas orgânicas de n-heterociclos contendo carbono e nitrogênio aproximadamente 5 nmol/g, um valor até 10 vezes maior que o encontrado no asteróide Ryugu estudado anteriormente.
Os pesquisadores também compararam Bennu com meteoritos antigos como Murchison e Orgueil. Eles descobriram que a proporção entre purinas (adenina e guanina) e pirimidinas (citosina, timina e uracila) é menor nas amostras de Bennu. Isso pode indicar que o asteróide se formou em uma região fria de nuvens moleculares, onde as condições favoreciam a formação de pirimidinas.
Esses achados fornecem novas pistas sobre a evolução química no espaço e o papel dos asteróides na origem da vida. Além disso, as análises servirão de referência para a reavaliação de meteoritos já armazenados em coleções científicas em todo o mundo.
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