Se tudo parece estar mais rápido em nossas vidas, não é diferente com crianças e adolescentes e podem até refletir no seu relógio biológico como o início da puberdade. O que antes era apenas uma fase esperada da adolescência agora desafia os especialistas em saúde ao aparecer cada vez mais cedo.
Imagine uma menina de sete anos precisando de um sutiã ou um menino de oito anos lidando com mudanças de voz. Nos últimos anos, um fenômeno intrigante e preocupante tem chamado a atenção em todo o mundo: o aumento dos diagnósticos de puberdade precoce.
Mais do que uma questão hormonal, esta alteração no relógio biológico das crianças reflete os impactos de fatores modernos como o estresse, a exposição a desreguladores endócrinos, as mudanças na alimentação e até o isolamento social vivenciado durante a pandemia. Este tema vai além dos números e obriga-nos a olhar atentamente para a forma como estamos a moldar ou a impulsionar o desenvolvimento das próximas gerações.
Que implicações uma infância encurtada tem para a saúde física e emocional destas crianças? É um tema que a Ciência estuda e observa o aumento de casos. Responderemos algumas perguntas abaixo.
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O que é puberdade precoce?
A puberdade precoce é uma condição em que os sinais físicos e hormonais da puberdade começam a aparecer antes da idade considerada normal. Para as meninas, isso ocorre antes dos 8 anos, e para os meninos, antes dos 9 anos.
É caracterizada pelo desenvolvimento prematuro de características sexuais secundárias, como crescimento mamário, pelos pubianos, crescimento ósseo acelerado e, em alguns casos, alterações comportamentais.

Que testes podem ser feitos para detectar a puberdade precoce?
Para diagnosticar a puberdade precoce, os médicos utilizam uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem.
Primeiramente é realizada uma avaliação clínica que investiga o histórico médico, que inclui informações sobre o desenvolvimento da criança, histórico familiar e sinais iniciais de puberdade. No exame físico, o médico verifica o aparecimento de características sexuais secundárias, como crescimento dos seios, pelos pubianos ou testículos aumentados.
Nos testes hormonais, o nível de hormônios no sangue é verificado:
- Hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante (FSH): avalia se o eixo hipotálamo-hipófise-gônadas foi ativado.
- Estradiol (em meninas) ou testosterona (em meninos): níveis aumentados indicam puberdade precoce.
- Teste de estimulação de GnRH: mede a resposta do eixo hormonal para confirmar se a puberdade precoce é central.
Outro exame é a radiografia da idade óssea, que analisa as placas de crescimento nos ossos da mão e do punho. Uma idade óssea avançada em relação à idade cronológica é indicativa de puberdade precoce.
Os exames de imagem também podem investigar mais detalhadamente. É o caso da ultrassonografia pélvica (em meninas), para avaliar o tamanho do útero e dos ovários e da ressonância magnética ou tomografia computadorizada, usada para investigar possíveis causas neurológicas, como tumores no hipotálamo ou na hipófise.
Como último recurso, podem ser solicitados exames específicos, como testes genéticos (em casos associados a condições hereditárias) e dosagem de hormônio tireoidiano para descartar hipotireoidismo, que pode simular puberdade precoce.

Esses testes ajudam a determinar se a puberdade precoce é central (relacionada ao eixo hormonal) ou periférica (causada pela produção anormal de hormônios) e a identificar sua causa subjacente. Caso haja suspeita, é recomendado procurar um endocrinologista pediátrico para uma avaliação detalhada.
Quais são os perigos da puberdade precoce?
A puberdade precoce pode trazer diversos riscos à saúde física, emocional e social da criança, além de interferir no seu desenvolvimento. Veja alguns:
- Impacto na altura final
- O surto de crescimento ocorre mais cedo, mas as placas de crescimento ósseo fecham prematuramente, o que pode resultar numa altura final abaixo do esperado.
- Problemas psicológicos e emocionais
- Baixa autoestima e sentimento diferente ou inadequado.
- Isolamento social, porque a maturação precoce pode dificultar a integração com crianças da mesma faixa etária.
- Aumento da ansiedade e depressão devido à pressão emocional e desconforto com mudanças.
- Riscos da sexualização precoce
- O desenvolvimento físico pode atrair atenção indesejada ou inadequada, expondo a criança a riscos sociais, psicológicos ou de abuso.
- Alterações hormonais e metabólicas
- Obesidade: A puberdade precoce está associada a um maior risco de sobrepeso e obesidade.
- Síndrome metabólica: a maturação precoce pode aumentar a predisposição a condições como diabetes tipo 2 e hipertensão.
- Problemas de saúde a longo prazo
- Meninas com menarca precoce podem ter maior probabilidade de desenvolver doenças como câncer de mama ou de ovário.
- A maturação óssea acelerada pode comprometer a densidade mineral óssea, aumentando o risco de fraturas mais tarde na vida.
- Gravidez precoce
- Nos casos de puberdade precoce em meninas, o início da menstruação pode expor a criança ao risco de gravidez em idades inadequadas, principalmente em situações de vulnerabilidade social.
- Impacto na dinâmica familiar
- Mudanças no comportamento da criança podem causar tensão no ambiente familiar, necessitando de apoio psicológico e educacional dos pais e responsáveis.
Relatos de casos
Pesquisa realizada pela Universidade de Gênova (Itália) mostrou que a média de diagnósticos mensais quase dobrou durante o isolamento social. Antes da pandemia, foram identificados 72 casos entre janeiro de 2016 e março de 2020, enquanto 61 casos foram registrados apenas entre março de 2020 e junho de 2021. O estudo foi publicado em Jornal da Sociedade Endócrina.
No Brasil, o tema também tem sido debatido. Durante o 9º Encontro Brasileiro de Endocrinologia Pediátrica, especialistas discutiram como fatores ambientais e comportamentais, como baixa atividade física e mudanças na alimentação, contribuíram para o aumento de diagnósticos no Brasil. Além disso, foram mencionados os riscos de obesidade e outros problemas metabólicos associados à puberdade precoce.
O estudo publicado em Fronteiras em Pediatria abordou como o aumento do tempo sedentário e as mudanças nos padrões alimentares durante a pandemia contribuíram para a antecipação da puberdade em meninas.

Como minimizar riscos?
Caso haja sinais de puberdade precoce, é fundamental procurar avaliação médica para identificar a causa e determinar o melhor tratamento. Medicamentos como os análogos do GnRH podem interromper a progressão da puberdade, preservando o crescimento e o desenvolvimento psicológico.
O apoio psicológico é essencial para ajudar as crianças a lidar com desafios emocionais e sociais. E o acompanhamento médico deve ser contínuo para prevenir complicações metabólicas e hormonais.
As informações contidas neste artigo têm caráter meramente informativo e não substituem aconselhamento médico, diagnóstico ou tratamento profissional. Consulte sempre um médico ou profissional de saúde qualificado para tirar suas dúvidas e avaliar suas condições específicas.
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