Tudo sobre China
A disputa entre montadoras tradicionais e marcas chinesas que vêm ganhando espaço no mercado brasileiro ganhou um novo capítulo. De acordo com o UOLo foco da discussão é a montagem local de veículos asiáticos, iniciada por empresas, como Caoa Chery, e prevista para marcas, como BYD e GWM, a partir de 2025.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), associação que representa os fabricantes nacionais de veículos, defende que, em muitos casos, essa produção não deve ser considerada “local”, pois utiliza predominantemente componentes importados, sugerindo que esses automóveis deveriam estar sujeitos a tributação mais elevada.
Os carros produzidos pelos fabricantes mencionados utilizam regimes conhecidos como Completely Knocked Down (CKD) e Semi Knocked Down (SKD). No CKD, os veículos são montados a partir de peças separadas, como motor, chassi e carroceria, exigindo maior investimento em infraestrutura e ferramentas. Na SKD o processo é simplificado, com os veículos chegando quase prontos e necessitando apenas de etapas finais de montagem.
Atualmente, a Caoa Chery opera no regime CKD, enquanto a BYD iniciou a montagem em Camaçari (BA) no formato SKD, com planos de nacionalizar 70% de sua produção até 2030. A GWM, que inicia produção em 2025, promete processo que não seguirá CKD tradicional, incluindo pintura e montagem de componentes localmente em Iracemápolis (SP).
Debate sobre tributação das montadoras chinesas
- A Anfavea solicita o aumento imediato das alíquotas para CKD e SKD, que atualmente variam entre 16% e 18%, estabelecidas em 2022 pela Câmara de Comércio Exterior (Camex);
- O plano atual prevê a retomada da alíquota de 35% apenas em 2028;
- Durante o Congresso AutoData Perspectivas 2025, o presidente da Anfavea, Márcio Leite, defendeu a mudança, destacando a necessidade de proteger os investimentos no Brasil;
- Por outro lado, representantes das montadoras chinesas criticam a proposta;
- Ricardo Bastos, da GWM, enfatizou a importância da estabilidade regulatória para garantir os investimentos.
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Protecionismo: prós e contras
Os especialistas discordam sobre o impacto das medidas protecionistas. Milad Kalume Neto, consultor da indústria automóvel, destacou ao portal que um aumento de impostos poderia proteger empregos e dar mais tempo à indústria nacional para se modernizar. Por outro lado, pode desencorajar a competitividade e a inovação.
Kalume Neto avalia ainda que a ofensiva da Anfavea é uma tentativa de conter o avanço das marcas chinesas, cujos modelos vêm pressionando os preços no mercado local. “Produtos tecnológicos e competitivos assustaram a indústria, que agora busca frear esse movimento”, analisou.
Impactos no consumidor
Se a proposta da Anfavea for aceita, os custos de importação aumentariam, impactando diretamente os preços ao consumidor, principalmente num cenário de dólar alto. Mesmo assim, GWM e BYD mantêm os seus planos de nacionalização. Ambas as empresas afirmam que a previsibilidade é essencial para o planeamento e alertam que um aumento repentino dos impostos prejudicaria tanto o setor como os consumidores.
O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Automotivos (Sindipeças) também apoia a recomposição de impostos, mas afirma que a produção no regime CKD/SKD não esteve em pauta nas discussões com o governo.
Enquanto o impasse persiste, o futuro da produção local e dos preços no mercado brasileiro permanecem no centro do debate, refletindo a transformação do setor automotivo em meio a uma crescente disputa global.
O que dizem as montadoras citadas
BYD, em nota ao UOLacusou a Anfavea de tentar retardar o avanço tecnológico. “A velha indústria brasileira busca impor barreiras para atrasar o desenvolvimento e novas tecnologias”, afirmou a montadora.
O Olhar Digital também contatou a BYD e a GWM e aguarda uma resposta. Também estamos tentando entrar em contato com Caoa Cherry. Assim que tivermos respostas, atualizaremos este relatório.
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